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EUA cometem crime de guerra ao atacar civis no Paquistão, diz Anistia Internacional

Desde 2004, entre duas mil e 4.700 pessoas teriam sido assassinadas com ataques de aviões não tripulados

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Segundo Anistia, uso de drones fere tratados e convenções internacionais

São Paulo – Oficiais dos EUA responsáveis por realizar ataques com drones devem ser julgados por crimes de guerra, concluiu nova pesquisa sobre direitos civis da Anistia Internacional divulgada nesta terça-feira (22). Além disso, diz a entidade, o governo norte-americano deve acabar com o sigilo dos ataques com aviões não tripulados no Paquistão e julgar os responsáveis pelas ações ilegais. As informações são do site Opera Mundi.

“Esse é um programa secreto. Isso fornece aos EUA um direito de matar superior aos tribunais e às normas fundamentais do direito internacional”, afirmou Mustafa Qadri, um dos responsáveis pela nova pesquisa.

Desde 2004, entre 2.000 e 4.700 pessoas – incluindo centenas de civis – segundo diferentes avaliações, morreram em quase 300 ataques de drones norte-americanos em regiões rurais do Paquistão. No entanto, sob a administração de Obama, as operações que resultaram em morte tiveram número recorde – praticamente dobraram da administração de George W. Bush.

“Pessoas que, claramente, não oferecem nenhum risco aos EUA estão sendo mortas. O país precisa apresentar as justificativas para essas mortes”, continuou Qadri.

Barack Obama, em entrevista recente, defendeu o programa de drones. Para o presidente norte-americano, o uso de aviões não tripulados é legal e “salva vidas”, apesar das questões levantadas sobre a imprecisão dos ataques e a morte de civis.

“Os terroristas que perseguimos matam civis. Estamos em guerra com organizações (Al-Qaeda e Taleban) que agora mesmo estariam matando o máximo de cidadãos norte-americanos que pudessem, se não os tivéssemos impedido antes.”

Segundo relatório da ONU (Organização das Nações Unidas) divulgado na semana passada, o número de civis mortos e feridos em ataques com aviões não tripulados norte-americanos em diversos países é muito mais elevado do que estimam dados oficiais dos EUA.

As investidas de forças britânicas, israelenses e da Otan com esses armamentos também superam números revelados pelos governos.

Para chegar a essa conclusão, a ONU investigou ataques realizados no Afeganistão, na Líbia, no Iêmen, na Faixa de Gaza, na Somália, no Iraque e no Paquistão, contrastando informações oficiais com de organizações independentes e estimativas da mídia.