Escalada de violência aumenta pressão internacional sobre a Síria

Conselho de Segurança da ONU pode votar resolução contra Assad

São Paulo – O aumento da violência na Síria nos últimos dias elevou a pressão da comunidade internacional sobre o governo do presidente Bashar al-Assad. Na Organização das Nações Unidas (ONU), países contrários ao regime preparam uma resolução no Conselho de Segurança baseada em um relatório da Liga Árabe.

Nesta terça-feira (31), rebeldes sírios afirmaram que o exército sírio dá continuidade a uma operação nos subúrbios de Damasco. A ação militar começou no sábado (28), quando as forças de segurança invadiram áreas nos arredores da capital que tinham passado para o controle dos dissidentes.

As forças de segurança teriam conseguido recuperar o controle da maior parte das áreas, mas um “intenso tiroteio” continua nas regiões de Zamalka e Arbeen, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, um grupo com sede em Londres. Há rumores, também, de que os rebeldes tomaram o controle da cidade de Rastan, na província de Homs, centro do país.

Ainda hoje os membros do Conselho de Segurança da ONU devem discutir uma resolução sobre a Síria que, a exemplo do texto elaborado pela Liga Árabe, propõe a renúncia de Assad. O secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al-Arabi, deve comparecer à sede da organização em Nova York.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse nesta terça-feira, na capital da Jordânia, Amã, esperar que o Conselho de Segurança da entidade reflita a vontade internacional ao deliberar sobre o projeto de resolução. “Eu sinceramente espero que o Conselho de Segurança esteja unido e fale de forma coerente refletindo a vontade da comunidade internacional”, disse Ban a repórteres na capital jordaniana. “Isto é crucialmente importante.”

EUA, Reino Unido e França defendem a resolução, mas a Rússia prometeu usar seu poder de veto para bloquear a iniciativa. Segundo Moscou, o texto “deixa aberta a possibilidade de uma intervenção” nas questões internas do país árabe. Damasco rejeitou o plano da Liga, dizendo se tratar de um “ataque à soberania”.

Em Londres, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, fez um apelo para que o governo russo reconsidere sua posição. “Chegou a hora de todos os membros do Conselho de Segurança assumirem suas responsabilidades ao invés de se proteger atrás daqueles que têm sangue em suas mãos”, disse Cameron na segunda-feira (30), em Bruxelas.

A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, e os chanceleres britânico e francês estão viajando a Nova York para pressionar pelo apoio à medida nas negociações de terça-feira. Em uma declaração, Hillary condenou a escalada de violência do regime, afirmando que o bombardeio contra áreas civis é “brutal”.

Na segunda-feira, o ministério sírio das Relações Exteriores afirmou que a Síria “continuará sua defesa contra o terrorismo” e acusou os Estados Unidos e os países ocidentais de desejarem espalhar o “caos”.

Há várias semanas, a ONU estimou que a repressão na Síria deixou mais de 5,4 mil mortos desde o início do levante, em março.

Fonte: OperaMundi