Após assassinato de ministro, ONU cobra pressa em solução para Síria

Estados Unidos querem votar sanções no Conselho de Segurança das Nações Unidas, mas Rússia se opõe

São Paulo – O assassinato do ministro de Defesa da Síria, Daoud Rajha, voltou a agitar o debate na comunidade internacional sobre qual caminho adotar em relação ao país asiático. De um lado, Estados Unidos e Reino Unido pressionam pela adoção de uma resolução no Conselho de Segurança das Nações Unidas permitindo uma intervenção que acelere a transição política. De outro, a Rússia se opõe à adoção de medidas contra o governo de Bashar al-Assad.

“Nós não podemos continuar nesse caminho. Muitas pessoas perderam suas vidas durante um período muito longo”, disse o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. “Eu sinceramente espero que os membros do Conselho de Segurança estejam unidos e ajam.” Os 15 Estados-membros do órgão máximo de governança global deveriam se reunir hoje (18), mas decidiram esperar até amanhã (19) para tomar uma decisão por conta do atentado. 

Além do ministro da defesa, o vice dele,  Assef Shawkat, um cunhado do presidente Bashar al-Assad, foi morto durante um atentado suicida na capital Damasco. O homem-bomba, que segundo fontes da áreas de segurança seria um guarda-costas designado ao círculo íntimo de Assad, invadiu uma reunião com a presença de ministros e autoridades de segurança.

Em Pequim, Ki-moon disse ter recebido do presidente da China, Hu Jintao, uma sinalização positiva quanto à tomada de decisões via Conselho de Segurança. “Eu expliquei a gravidade da situação atual e todos os líderes na China também compartilharam meu ponto de vista”, afirmou. “Portanto, espero sinceramente que os membros do Conselho de Segurança sejam capazes de discutir com um senso de urgência e tomem uma ação coletiva com um senso de unidade.”

Em 16 meses de crise, estima-se que dez mil pessoas tenham morrido, a maioria civis, e que dezenas de milhares estejam desabrigadas. Um fator de pressão é que o mandato da missão especial da ONU para a Síria se encerra em 20 de julho. O enviado especial das Nações e da Liga Árabe, o ex-secretário-geral Kofi Annan, cobrou “urgência” da comunidade internacional para evitar novos episódios de violência. “O enviado especial conjunto instou os membros do Conselho de Segurança a se unirem e realizarem uma ação organizada e forte que ajudaria a conter o derramamento de sangue na Síria e criar uma dinâmica para uma transição política”, diz comunicado lido por seu porta-voz em Genebra.

Sem consenso

A Rússia voltou a afirmar que não aceita a imposição de medidas multilaterais contra o governo de Assad. “A batalha pela capital, a luta decisiva está em curso na Síria”, disse o chanceler Sergei Lavrov, a repórteres em Moscou. “É um beco sem saída apoiar a oposição. Assad não vai sair por conta própria e os nossos parceiros do Ocidente não sabem o que fazer quanto a isso.”

Mas, para os Estados Unidos, acompanhados por Reino Unido, Alemanha e França, a situação está rapidamente saindo de controle, o que exige a aprovação de uma resolução no Conselho de Segurança que acelere a transição e dê fim ao governo de Assad. O chanceler britânico, William Hague, disse que o atentado “confirma a necessidade urgente de uma resolução do Capítulo 7 do Conselho de Segurança da ONU na Síria”.

Segundo estes países, é necessário prorrogar por 45 dias o mandato da missão chefiada por Annan e colocar em marcha o plano de paz criado por ele. Há discordância, porém, quanto a quais sanções diplomáticas, econômicas, políticas e militares adotar. “A situação na Síria está claramente se deteriorando. Todos os membros do Conselho de Segurança da ONU têm a responsabilidade de colocar seu peso pelo aplicação do plano do enviado especial Kofi Annan para acabar com a violência”, disse Hague.

Já o Itamaraty informou, por meio da assessoria de comunicação, que o governo brasileiro não irá se manifestar até que surja um novo fato político que o justifique. Para o Ministério das Relações Exteriores, segue válido o último comentário a respeito, feito na sexta-feira (13), quando o país condenou a utilização de armamento pesado contra civis e cobrou a adoção dos pedidos feitos pela ONU para cessar as movimentações militares. 

Com informações da Reuters.