Emir Sader vê tentativa dos EUA de cooptar sucessor de Mubarak

Para Sader, “está claro que Obama já abandonou a possibilidade de sobrevivência de Mubarak” (Foto: Dylan Martinez/Reuters) São Paulo – O sociólogo Emir Sader acredita que o governo dos Estados […]

Para Sader, “está claro que Obama já abandonou a possibilidade de sobrevivência de Mubarak” (Foto: Dylan Martinez/Reuters)

São Paulo – O sociólogo Emir Sader acredita que o governo dos Estados Unidos já abandonou a possibilidade de sustentação política do governo de Hosni Mubarak. O centro das atenções da Casa Branca estariam, segundo escreveu em seu blogue, em uma transição que permita cooptar o sucessor do presidente egípcio, no poder há 30 anos.

Há 10 dias, Mubarak enfrenta uma série de protestos que pedem sua saída do poder. Na terça-feira (1º), 1 milhão de pessoas foram às ruas. Na quarta-feira (2), militantes pró-governo estiveram na praça Tahir junto de policiais montados em cavalos e camelos para reprimir os manifestantes oposicionistas.

O governo dos Estados Unidos conferiu apoio ao Egito tanto no período em que Mubarak permanece no cargo quanto na gestão de seu antecessor, Anwar Al Sadat. Sader acredita que o gabinete de Barack Obama mostra preocupação em garantir a manutenção da influência no país, um dos poucos árabes a manter boas relações com Israel, além de ser fundamental no controle do canal de Suez, por onde passa boa parte da produção de petróleo do Golfo Pérsico.

“Está claro que Obama já abandonou a possibilidade de sobrevivência de Mubarak, concentrando-se agora numa transição que permita a cooptação de quem vier a sucedê-lo”, escreveu Sader. “É um tema aberto, que pelo menos revela que a alternativa aos regimes ditatoriais da região não reside obrigatoriamente em forças islâmicas – argumento utilizado na logica do mal menor de apoio a esses ditadores”, critica.

O sociólogo acredita que pode haver condições culturais para uma retomada do nacionalismo árabe, matiz que, até os anos 1970 inspirou figuras como Gamal Abdel Nasser, no Egito, e Yasser Arafat, nos territórios palestinos. Essa perspectiva poderia, segundo especula Sader, produzir uma unidade de governos progressistas, anti-EUA e pró-Palestina na região.