De carona na projeção internacional, países do Caribe comemoram aliança com Brasil

Caricom, formada por países da América Central, elogia ação brasileira no Haiti

São Paulo – Os 14 países que formam a Comunidade do Caribe (Caricom) acreditam que a iniciativa brasileira de promover uma cúpula em Brasília abriu caminho para a realização de um encontro histórico, que reúne chefes de Estado e de governo de nações com grande afinidade e laços culturais com o Brasil. A afirmação foi feita pelo primeiro-ministro da Dominica e atual presidente da Caricom, Roosevelt Skerrit, ao falar nesta segunda-feira (26) na abertura da Cúpula Brasil-Caricom.

“Esta é uma oportunidade para fortalecer a amizade e o espírito de cooperação existente entre os povos das nações que formam a Comunidade do Caribe e o povo brasileiro”, disse. “Por outro lado, acreditamos que o Brasil está de tal maneira inserido na comunidade internacional, que pode ajudar a criar uma nova geografia econômica. Nós, do Caricom, queremos fazer parte dessa nova geografia”, completou o primeiro-ministro.

Criada em 1973, a Comunidade do Caribe é integrada por Antígua e Barbuda, pelas Bahamas, por Barbados, Belize, pela Dominica, por Granada, pela Guiana, pelo Haiti, pela Jamaica, por Santa Lúcia, São Cristóvão e Névis, São Vicente e Granadinas, pelo Suriname e por Trinidad e Tobago. O Brasil é membro observador desde 2006.

Na reunião em Brasília, os chefes de Estado e de governo buscarão reforçar os relacionamentos bilaterais e regionais, principalmente em áreas como a saúde, agricultura, educação, formação profissional, o turismo e meio ambiente. Um comunicado conjunto será divulgado no encerramento da cúpula.

De acordo com Skerrit, a Comunidade do Caribe é grata pelo interesse do Brasil em se aproximar ainda mais das nações que a compõem e, em alguns casos, prestando ajuda inestimável. O primeiro-ministro da Dominica se referiu à cooperação brasileira na luta contra o vírus HIV no Haiti, com o fornecimento de remédios, e também à atuação do Exército, que desde 2004 chefia a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah). A força de paz garante a manutenção da segurança em Porto Príncipe, capital haitiana.

Roosevelt Skerrit lembrou que as nações da Caricom representam pequenas economias regionais que foram profundamente afetadas pela crise financeira mundial. “Muitos estabelecimentos, em vários países da Caricom, não suportaram os efeitos da crise e fecharam”, disse o primeiro-ministro da Dominica.

“Queremos a ajuda do Brasil para nos integramos às discussões que buscam uma nova ordenação da economia mundial. A forte presença brasileira nesse cenário poderá fazer com que as pequenas economias sejam percebidas e encontrem mecanismos para se resguardarem de possíveis crises no futuro”, acrescentou.

O Brasil e os países caribenhos são conhecidos pelo futebol, pelo carnaval e pela música, mas agora buscamos novos caminhos que não apenas ampliem ainda mais os nossos laços culturais e de amizade, mas também reforcem a cooperação em áreas essenciais como agricultura e saúde”, disse o secretário-geral Edwin Carrington, nascido em Trinidad e Tobago. De acordo com Carrington, jogos como o futebol “não devem ser subestimados como uma forma de ajudar na aproximação entre os povos”. 

O secretário-geral da Comunidade do Caribe disse que o apoio do Brasil após o terremoto no Haiti foi muito importante para a recuperação do país. “Agradeço a colaboração brasileira”, disse Carrington, “e apresento os pêsames pela perda de Luiz Carlos da Costa”. O diplomata Luiz Carlos da Costa, segunda autoridade civil da Organização das Nações Unidas (ONU) no Haiti, morreu durante o terremoto de janeiro deste ano.

Desde 2006, um acordo entre Brasil e países do Caribe garante o fornecimento de remédios contra o HIV.

Com informações da Agência Brasil