Cuba quer limitar mandatos de dirigentes políticos a dez anos

Raúl Castro defende a manutenção do partido único no país para evitar ingerência dos Estados Unidos. Conferência discute rumos do regime cubano

Raúl Castro vem anunciando medidas de flexibilidade do modelo econômico e político desde o ano passado (Foto: ©Jorge Luis Banos/ Reuters)

São Paulo – Durante a primeira Conferência do Partido Comunista de Cuba em 2012, o presidente Raúl Castro defendeu, neste domingo (29), a adoção de um limite de dez anos para a permanência na ocupação de cargos públicos e estatais, como forma de renovar a classe política cubana. A média de idade elevada entre os dirigentes políticos em Cuba é um dos fatos que preocupam os líderes do país. Dos 15 membros do comitê político, eleito em abril de 2011, apenas três têm menos de 65 anos.

“Uma vez definida e estipulada a política pelas instâncias pertinentes, poderemos iniciar a aplicação paulatina sem esperar pela reforma constitucional”, disse Raúl. Pela proposta, serão permitidos apenas dois mandatos consecutivos de cinco anos para titulares de cargos públicos.

Anunciada em meio a um amplo processo de reformas políticas e econômicas em Cuba, a medida busca, nas palavras de Raúl Castro, o “o rejuvenescimento e a renovação” da classe política local. O Partido Comunista de Cuba tem mais de 800 mil integrantes, num país com pouco mais de 11 milhões de habitantes.

O mandatário cubano defendeu também a manutenção do partido único no país como alternativa de evitar a ingerência dos Estados Unidos e aliados na região da ilha. Castro argumentou que a legalização de outras legendas pode gerar o que classificou de “partidos do imperialismo”. “Isso sacrificaria a arma estratégia da unidade dos cubanos”, disse.

Transformações

A Conferência do Partido Comunista Cubano era esperada com muita expectativa diante da possibilidade de uma “revisão” do trabalho da organização, que poderia incluir decisões de renovação e mudanças no comitê central. Mas o próprio Raúl Castro disse há alguns dias que não se poderia ter muitas”ilusões”, e que a reunião trataria de “questões internas necessárias para a atualização do modelo socialista”, afirmou Castro.

Entretanto, os ajustes aprensentados pelo presidente cubano, supõem uma gradual e controlada abertura à economia privada. No ano passado, outras medidas já sinalizavam a flexibilidade do modelo ecônomico e político adotado por Havana, como a legalização de compra e venda de veículos particulares e a possibilidade de se obter financiamento para construção e reforma de casas.

Com informações do OperaMundi e jornal Página 12