Conselho de Segurança condena ataque israelense a comboio

São Paulo – Com redação cuidadosa, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) condenou, nesta terça-feira (1º), o ataque do exército israelense a um comboio de três […]

São Paulo – Com redação cuidadosa, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) condenou, nesta terça-feira (1º), o ataque do exército israelense a um comboio de três navios com ajuda humanitária que ia em direção a Faixa de Gaza. O que foi aprovado foi uma declaração e não uma resolução, o que dá menos peso político a seu conteúdo.

Aprovada após 10 horas de negociação a portas fechadas, pediu uma investigação imparcial do episódio, além da libertação imediata de navios e civis detidos por Israel. Dificilmente uma resolução seria aprovada, já que os Estados Unidos têm poder de veto e, historicamente, barram ações contrárias a Israel.

Na segunda-feira (1º), fuzileiros navais israelenses invadiram três navios turcos que levavam ajuda humanitária para a Faixa de Gaza, região da Autoridade Nacional Palestina que sofre um bloqueio por Israel. Cerca de 700 pessoas a bordo foram detidas. Pelo menos 10 ativistas morreram.

A declaração de 24 linhas, lida para os 15 integrantes do Conselho pelo presidente do órgão, o embaixador Claude Heller, do México, afirma que o organismo “lamenta profundamente as perdas de vidas e os ferimentos resultantes do uso da força durante a operação militar israelense em águas internacionais contra o comboio que ia para Gaza”.

“O Conselho, neste contexto, condena esses atos que resultaram na perda de pelo menos 10 civis e muitos feridos”, acrescenta o documento. Declarações do Conselho de Segurança têm peso menor que resoluções, mas têm de ser adotadas por unanimidade.

Diplomatas disseram, segundo a Reuters, que as negociações entre a Turquia, que levou a questão para a reunião de emergência do Conselho ao lado do Líbano, e os Estados Unidos, aliado de Israel, giraram em torno do uso da palavra “ato” no plural ou no singular.

“Ato”, apoiado pela Turquia, teria implicado que Israel era o único responsável pelas mortes, enquanto “atos” sugerem que os ativistas, a quem Israel acusa de atacarem seus comandos militares, também têm alguma responsabilidade.

Rússia e UE também criticam

A Rússia e a União Europeia também condenaram, nesta terça-feira, o uso excessivo de força por Israel contra embarcações que tentavam levar ajuda humanitária à Faixa de Gaza.

Em nota conjunta emitida durante uma cúpula Rússia-UE em Rostov-sobre-o-Don, no sul da Rússia, as duas partes exigiram um “inquérito total e imparcial”, além do fim do bloqueio econômico de Israel à Faixa de Gaza.

“A morte de pessoas é irreparável e absolutamente injustificada”, disse o presidente russo, Dmitry Medvedev, a jornalistas.

O presidente da UE, Herman van Rompuy, qualificou as mortes de “inexplicáveis”. “Lamentamos a perda de vidas, condenamos o uso da violência e exigimos uma investigação imediata, total e imparcial”, disse ele. “Apelo para que uma solução durável seja encontrada para a situação em Gaza”, acrescentou.

UE e Rússia formam, junto com EUA e ONU, o chamado quarteto de mediadores do Oriente Médio. Em notas emitidas separadamente na segunda-feira, ambos já haviam condenado a agressão israelense e criticado o bloqueio à Faixa de Gaza.

Com informações da Reuters