Brasil e Nicarágua negociam para ampliar relações econômicas

Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, têm uma série de reuniões nesta quarta-feira (28) em Brasília. A presença de Ortega […]

Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, têm uma série de reuniões nesta quarta-feira (28) em Brasília. A presença de Ortega vai servir para ampliar relações comerciais entre os dois países. A ideia é fechar parcerias para o desenvolvimento de projetos de infraestrutura nicaraguenses, programas de cooperação técnica na área social e acordos para estimular o comércio e os investimentos.

De janeiro a junho deste ano, o fluxo comercial entre Brasil e Nicarágua somou US$ 26,5 milhões, com crescimento superior a 50% em relação a igual período de 2009. Uma das propostas é negociar uma parceria também entre a Nicarágua e o Mercosul, uma vez que o Brasil assume a partir deste semestre a presidência temporária do bloco.

Recentemente o Brasil colaborou com a Nicarágua ao autorizar o financiamento de US$ 342 milhões, via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES), para as obras da Usina Hidrelétrica de Tumarín – que deve atender aproximadamente 27% da demanda de energia elétrica do país.

Desde 2009, há uma parceria entre os dois países, via Agência Brasileira de Cooperação (ABC), para elaborar elaborar projetos nas áreas de turismo, segurança pública e gerenciamento de águas pluviais e residuais. A cooperação prestada pelo Brasil à Nicarágua abrange também iniciativas sobre meio ambiente, agricultura e segurança alimentar, saúde, saneamento básico e energia.

Do Brasil, a Nicarágua compra basicamente café solúvel, terminais portáteis de telefonia celular, sementes forrageiras, móveis de madeira, folhas e tiras de alumínio e papel fibra. Já os brasileiros compram da Nicarágua, camisas de algodão, desperdícios e resíduos de alumínio, charutos e cigarrilhas, além de fibras sintéticas.

Honduras

Um tema que também deverá tomar parte importante das conversas entre os presidentes é a reintegração de Honduras à Organização dos Estados Americanos (OEA). O país foi suspenso do grupo desde a deposição do então presidente Manuel Zelaya do poder, em junho de 2009.

Como o Brasil, a Nicarágua impõe exigências ao governo do presidente de Honduras, Porfirio “Pepe” Lobo, para que o país seja reintegrado à OEA. As exigência incluem a anistia a Zelaya, além de garantias de respeito às instituições e aos direitos humanos no país. Lobo tenta reconquistar a confiança da comunidade internacional, ao ressaltar que cumpre a maior parte do que é solicitado.

No último dia 21, o governo Lobo recebeu apoio para ser reintegrado à OEA de praticamente todos os países que fazem parte do Sistema de Integração Centro-Americano (Sica). Assinaram o documento pedindo o retorno de Honduras à OEA seis dos sete países do Sica (Guatemala, Belice, El Salvador, Costa Rica, Panamá e República Dominicana). Apenas a Nicarágua se recusou a ratificar a declaração.

Nos próximos dias, a comissão especial da OEA, que examina a situação política de Honduras, deve concluir um relatório e encaminhá-lo à secretaria-geral do órgão. Para a reintegração à OEA, o governo do presidente hondurenho, Porfirio Pepe Lobo, deve obter 22, dos 33 votos dos integrantes da organização.

Para o Brasil e outros países latino-americanos, houve um golpe de Estado em Honduras porque um movimento, sem respaldo popular, retirou do poder um governante que foi eleito democraticamente. A interpretação gera polêmica porque opositores de Zelaya afirmam que ele pretendia mudar a Constituição para se beneficiar com o direito à reeleição, o que não é permitido pela legislação hondurenha.