Aliado de peso

Bernie Sanders quer garantir apoio imediato dos EUA ao resultado da eleição no Brasil

Senador do Partido Democrata afirma que norte-americanos “não reconhecerão um governo ilegítimo”, caso o Brasil tome um rumo antidemocrático

Reprodução/Twitter
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“É absolutamente imperativo que o Senado dos EUA deixe claro que apoiamos a democracia no Brasil”, diz Sanders

São Paulo – O senador Bernie Sanders, do Partido Democrata dos Estados Unidos, está redigindo, junto com sua equipe, uma resolução para “antecipar-se” a qualquer possibilidade de o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro (PL), se recusar a aceitar o resultado das eleições de outubro, se perder. A informação é do jornal The Washington Post, que afirma ter acessado o rascunho do documento.

O texto de Sanders “declara que os Estados Unidos reconhecerão imediatamente o resultado eleitoral que a fiscalização internacional considerar livre e justo”, diz o Post na matéria “Bolsonaro vai dar golpe? Bernie Sanders está alertando para o pior”. “E adverte que os Estados Unidos vão reavaliar sua relação com qualquer governo que assuma o poder por meios antidemocráticos, incluindo um golpe militar.”

A ideia é que a Câmara Alta americana delibere rapidamente sobre a questão. O gabinete de Sanders – senador pelo estado de Vermont – confirmou que a resolução é apoiada por alguns proeminentes democratas do Senado, que têm atuação mais próxima à política externa. São citados Tim Kaine (Virginia), Patrick J. Leahy (Vermont) e Jeff Merkley (Oregon).

O documento “expressaria a opinião do Senado de que, se Bolsonaro perder e se recusar a renunciar, os Estados Unidos verão isso como um resultado inaceitável”, informa o jornal. Sanders está tentando mais apoios, para viabilizar a votação do documento no início de setembro, “bem antes” das eleições brasileiras de outubro.

Sem ajuda militar

“É absolutamente imperativo que o Senado dos EUA deixe claro por meio de uma resolução que apoiamos a democracia no Brasil”, disse Sanders. “Esperamos uma eleição livre e justa”. Segundo o senador, tal decisão deixará claro que os Estados Unidos “não apoiarão com ajuda militar” e “não reconhecerão um governo ilegítimo”, caso o Brasil tome um rumo antidemocrático.

O parlamentar, que se posiciona à esquerda do presidente Joe Biden, disse ao The Washington Post que espera conquistar o maior número possível de senadores democratas e republicanos para apoiar a resolução: “Estou buscando o apoio de 100 membros do Senado dos Estados Unidos”, disse. O Senado dos Estados Unidos é composto exatamente por 100 parlamentares.

O diário afirma que há razões para acreditar em uma crise no Brasil. “As pesquisas mostraram o desafiante Luiz Inácio Lula da Silva liderando por margens consideráveis ​​e, embora Bolsonaro negue os planos de golpe, atacou implacavelmente o sistema eleitoral do país como vulnerável à manipulação”.

O Post lembra ainda que Bolsonaro também vem exibindo argumentos estranhos sobre o papel dos militares no processo, tendo dito, inclusive, que “se for preciso, iremos à guerra” pela eleição.

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