'Mulher, Vida, Liberdade'

Ativista iraniana Narges Mohammadi, que está presa em Teerã, ganha o Nobel da Paz

Comité Norueguês decidiu premiar a iraniana pela sua luta contra a opressão das mulheres no Irã – país que adota pena de morte com naturalidade medieval

Redes Sociais/Citizen Journalist
Redes Sociais/Citizen Journalist
Narges Mohammadi está presa e condenada a 12 anos de prisão, acusada de difusão de propaganda contra o Estado

São Paulo – A ativista iraniana Narges Mohammadi ganhou o Nobel da Paz de 2023. O anúncio foi feito nesta sexta-feira (6) pelo Comitê do Nobel na Noruega. A organização do evento iniciou a cerimônia, na qual revelou o nome da vencedora, com o slogan “Mulher, Vida, Liberdade”, que mobilizou milhares de manifestantes no Irã depois que a jovem curda Mahsa Amini morreu, 16 de setembro de 2022. Mahsa perdeu a vida enquanto estava sob custódia policial, acusada do absurdo “crime” de usar o véu islâmico de modo incorreto.

“O Comitê Norueguês do Nobel decidiu atribuir o Prêmio Nobel da Paz de 2023 a Narges Mohammadi pela sua luta contra a opressão das mulheres no Irã e pela sua luta para promover os Direitos Humanos e a liberdade para todos”, destacou a organização do Prêmio.

Narges Mohammadi está presa no Irã. No contexto do prêmio, a Organização das Nações Unidas pediu hoje que o país liberte a defensora dos direitos humanos, que cumpre 12 anos de prisão. Há, porém, o temor de que a decisão de dar o prêmio a ela possa provocar efeito contrário e enfurecer o governo teocrático de Teerã.

Contra a pena de morte

A ativista atua sobretudo na defesa dos direitos das mulheres e pela abolição da pena de morte, adotada no país e aplicada sobretudo a mulheres e pessoas LGBT. Ela está na prisão de Evin, em Teerã. É acusada de difusão de propaganda contra o Estado, entre outros crimes.

Em depoimento por escrito à agência France Presse em setembro último, citado pela imprensa portuguesa, Narges declarou que a morte de Masha Amini e os protestos que se seguiram levaram o país a uma mudança “irreversível”.

Mohammadi é vice-presidente da organização Centro de Defensores dos Direitos Humanos, organização não-governamental fundada por Shirin Ebadi, laureada com o Prémio Nobel da Paz em 2003 pela defesa dos direitos das crianças, mulheres e refugiados.

O marido da premiada, Taghi Rahmani, disse nesta sexta, à Reuters, que o Prémio Nobel “irá encorajar a luta de Narges pelos Direitos Humanos, mas, ainda mais importante, este é um prémio para o movimento Mulher, Vida, Liberdade”.