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Após 41 anos, Irlanda começa a investigar responsáveis por ‘Domingo Sangrento’

Episódio ocorrido em 1992 terminou com 14 manifestantes assassinados pela polícia britânica

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Segundo a polícia, investigação sobre episódio será ‘longa e complexa’

Dublin – A polícia norte-irlandesa (PSNI) confirmou hoje (22) que iniciou os preparativos para investigar o assassinato de 14 manifestantes pelas mãos do Exército britânico em 1972 na cidade de Derry, um caso conhecido como “Domingo Sangrento”.

Em consequência desta nova investigação, cerca de 20 soldados aposentados poderiam ser detidos e acusados, possibilidades que fizeram com o Ministério da Defesa britânico já começasse a estudar sua situação legal perante este processo, segundo o jornal “Sunday Times”.

Em comunicado, um porta-voz da PSNI explicou que as autoridades “deram início aos trabalhos preliminares”, já que, segundo a fonte, “a investigação sobre o ocorrido no dia 30 de janeiro de 1972 será uma longa e complexa”.

Neste aspecto, as investigações poderiam se estender por até quatro anos sob responsabilidade de uma equipe liderada por 15 investigadores da Unidade de Crimes Graves, a qual também poderá contar com um número extra de especialistas.

Em julho de 2012, o principal responsável da PSNI, Matt Baggott, informou que o corpo tinha consultado à procuradoria norte-irlandesa para preparar um possível processo que, em sua conclusão, poderia desencadear o processo de algum dos militares envolvidos no massacre.

A PSNI tomou essa decisão depois que as conclusões da investigação do tribunal especial de lorde Mark Saville de Newdigate, reveladas ainda em 2010, colocaram em dúvida a versão oficial, a qual sustentava que os militares enfrentavam um ataque de terroristas do Exército Republicano Irlandês (IRA) durante a manifestação de Derry.

No entanto, no chamado “Relatório Saville”, as autoridades confirmaram que as vítimas do massacre eram civis inocentes e, por isso, a ação foi qualificada como “injustificada e injustificável”, um fato que obrigou o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, a pedir perdão aos familiares das vítimas.

Em declarações à Agência Efe, o porta-voz policial lembrou hoje que os processos penais não podem aceitar como provas os testemunhos oferecidos em tribunais especiais de investigação, como o de Saville.

“Para que a investigação (da PSNI) não seja tão exaustiva, a polícia pedirá ajuda aos cidadãos, para que as testemunhas que estiveram presente em Saville também compareça diante dos detetives”, assinalou o porta-voz.