Cúpula das Américas

Pressões antecedem agenda de Biden com Bolsonaro, ameaça global à democracia e ao meio ambiente

Organizações de defesa dos direitos humanos, ambientalistas e sociedade civil desafiam Biden a lembrar de sua agenda eleitoral de 2020

Reprodução/TV Brasil
Reprodução/TV Brasil
Bolsonaro e a esposa, Michelle, chegam a Los Angeles para Cúpula das Américas

São Paulo – O presidente Jair Bolsonaro chegou em Los Angeles, na California, para participar da Cúpula das Américas. Recebido por um grupo de meia dúzia de senhoras apoiadoras na manhã desta quinta-feira (9), Bolsonaro tem reunião com Joe Biden prevista para a noite. O episódio acentua o desinteresse pelo evento no país. Na sua cobertura, o jornal The New York Times destacou: “Biden hospeda a Cúpula das Américas, sem os principais líderes”. O periódico sublinhou ainda que a ausência de alguns chefes de Estado, como o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, “é um sinal de crescente cisão entre os Estados Unidos e as nações latino-americanas”.

Organizações de direitos humanos, ambientalistas e da sociedade civil desafiam Biden a lembrar da agenda eleitoral, que tinha o meio ambiente entre os principais temas. A agenda de Bolsonaro com o presidente Biden, prevista para 19h15 (em Los Angeles), é o evento aguardado com mais expectativa, no Brasil. Não se sabe qual será a atitude de Biden, que está pressionado a dar um recado a Bolsonaro. Isso porque o brasileiro é considerado ameaça global à democracia e ao meio ambiente.

Bolsonaro começou a participação na Cúpula chegando atrasado. Não estava na abertura do evento na noite de ontem, quando Biden defendeu a democracia, “em um momento em que (o regime) está sob ataque no mundo”. Na cerimônia, o Brasil foi representado por diplomatas. O governante brasileiro não esconde que tudo o que quer é uma foto com o líder do país mais poderoso do Ocidente, para exibir na campanha junto com a que tem com o líder russo Vladimir Putin – aquele com quem teria se encontrado para evitar a invasão da Ucrânia.

Manifestações

Em Los Angeles e também em Londres houve manifestações cobrando o governo brasileiro pelo desaparecimento do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Araújo Pereira, no Vale do Javari, no Amazonas. Eles não são vistos desde domingo (5).

No protesto de Londres, o Greenpeace chamou a atenção para a lentidão das medidas brasileiras na busca pelos desaparecidos. A irmã do jornalista, Sian Phillips, participou da manifestação. “(As autoridades) podem fazer mais, intensificar as buscas, colocar mais recursos para isso, e se houve alguma atividade criminosa, as pessoas buscarão justiça”, disse Sian. Depois do ato, parentes de Phillips entraram na Embaixada brasileira na capital inglesa, para falar com diplomatas.

A mídia estrangeira também cobra o Brasil. Editores de jornais e agências de notícias de vários países enviaram carta a Bolsonaro, na qual pedem mais empenho do governo nas buscas pelo jornalista britânico Dom Phillips e o indigenista

Em Los Angeles, caminhões percorrem as ruas da cidade desde terça-feira (7), com manifestações contra Bolsonaro, lembrando aos participantes da cúpula, especialmente Joe Biden, do desaparecimento de Dom e Pereira. Os protestos na cidade devem se intensificar.