"Teatro político"

Saída de Trump do hospital para saudar apoiadores é ‘insanidade’, diz médico

James Phillips, do centro médico militar onde Trump está internado, disse que o presidente colocou em risco as vidas dos agentes que o acompanharam

Reprodução/Reuters
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Contaminado, Trump saiu para saudar apoiadores em veículo "hermeticamente selado"

São Paulo – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deu uma volta de carro, nos arredores do hospital militar Walter Reed, em Washington, neste domingo (4) para saudar seus apoiadores. Ele foi internado na última sexta-feira (2) após ser diagnosticado com a covid-19. Desde então, pairam incertezas sobre o seu verdadeiro estado de saúde, a pouco menos de um mês das eleições presidenciais.

O médico James Phillips, do centro médico militar, classificou como “insanidades” e “irresponsabilidade impressionante” o passeio dado por Trump.

Ele destacou que o carro do Serviço Secreto que foi utilizado é “hermeticamente selado contra ataques químicos”. O que, portanto, aumenta o risco de contaminação dos agentes de segurança que acompanharam o presidente.

“Cada pessoa no veículo durante aquele passeio presidencial completamente desnecessário agora precisa ficar em quarentena por 14 dias. Elas podem ficar doentes. Elas podem morrer”, afirmou Phillips, pelo Twitter. Ele classificou o episódio como “teatro político”.

“Ele nem está fingindo se importar agora”, disse um agente ao jornal The Washington Post. “Onde estão os adultos?”, questionou outro ex-agente do Serviço Secreto. Em condição de anonimato, eles disseram que estavam “horrorizados” com a postura do presidente.

Estado de saúde

As controvérsias sobre as reais condições clínicas de Trump acenderam no domingo, após o chefe de gabinete da Casa Branca, Mark Meadows, afirmar que as próximas 48 horas seriam “críticas” para o presidente. Entretanto, a declaração conflitava com a avaliação médica apresentada no mesmo dia, que afirmava que o presidente dos Estados Unidos estava progredindo “muito bem”.

Também no domingo, a equipe médica admitiu que Trump precisou de oxigênio suplementar na quinta (1º) e na sexta-feira (2), além de apresentar sintomas como tosse, febre e fadiga. Além disso, ele tem recebido doses de medicamentos – Remdesivir, dexametasona e um coquetel de anticorpos – ministrados geralmente em casos graves da doença. Contudo, os médicos dizem que, se o seu quadro clínico continuar melhorando, Trump pode ter alta ainda nesta segunda-feira (5), deixando o hospital.

Biden na frente

O candidato democrata Joe Biden aumentou sua vantagem em relação a Donald Trump após o primeiro debate presidencial realizado na última terça-feira (29). Segundo levantamento divulgado pelo Wall Street Journal e pela emissora NBC, Biden tem 53% das intenções de votos, contra 39% que declararam votos em Trump. Nesta série de pesquisas, a maior diferença foi registrada em julho, quando Biden esteve 11 pontos à frente.

Para 49%, Biden teve melhor desempenho durante o debate, contra 24% preferiram Trum. Outros 17% disseram que nenhum dos dois saiu vencedor do embate. Biden também é apontado (49% contra 24%) como tendo melhor temperamento que o atual presidente. A pesquisa foi realizada entre os dias 30 de setembro e 1º de outubro e ouviu 800 eleitores registrados. A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais.

Outro levantamento realizado pelo instituto Ipsos para a agência de notícias Reuters aponta que 57% reprovam a atuação de Trump em relação à pandemia. O índice é três pontos percentuais superior ao último levantamento. Além disso, apenas 34% acreditam que o presidente esteja dizendo a verdade sobre a covid-19, enquanto 55% afirmam o contrário e 11% não sabem. A maioria (67%) também é contra a realização de aglomerações em comícios, como vinha fazendo, até então, o atual presidente. A pesquisa foi realizada nos dias 2 e 3 de outubro, e entrevistou 1.005 pessoas.