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EUA têm terceira noite de protestos em meio a casos de cidadãos negros mortos por policiais

'Governo criou um monstro': mobilizações ganharam força após Justiça não indiciar mais um policial branco que matou negro desarmado

efe

Mobilizações começaram em 24 de novembro, quando um policial deixou de ser indiciado por atirar contra Michael Brown

São Paulo – Milhares de pessoas em Nova York e outras cidades norte-americanas protestaram na madrugada deste sábado (6) pela terceira noite consecutiva contra os recentes casos de cidadãos negros mortos por policiais. As mobilizações começaram no último dia 24, quando a Justiça decidiu não indiciar o policial Darren Wilson por atirar contra Michael Brown, um jovem negro que estava desarmado na cidade de Ferguson.

Na madrugada de quinta-feira (4), as manifestações voltaram com força após um grande júri, em Nova York, decidir não processar outro policial branco em um caso similar. Eric Garner, de 43 anos e asmático, morreu em Nova York no dia 17 de julho por asfixia depois que o policial à paisana Daniel Pantaleo o estrangulou.

Um vídeo que revela a abordagem do policial foi divulgado na internet e mostra as últimas palavras de Garner antes de morrer: “I can’t breathe” (“eu não consigo respirar”). A frase foi uma das principais utilizadas nos recentes protestos, que tomaram também cidades como São Francisco, Phoenix e Atlanta.

Além disso, também em Nova York, o promotor Kenneth Thompson anunciou hoje que designará um grande júri para analisar o caso de Akai Gurley, outro cidadão negro que morreu por um disparo da polícia no mês passado, em uma ação classificada oficialmente como “acidente”.

Gurley, de 28 anos, morreu em 21 de novembro num condomínio do Brooklyn ao receber um disparo no peito quando descia uma escada interna, onde dois agentes policiais inspecionavam.

Na quinta-feira, o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, anunciou que o governo vai iniciar um retreinamento “significativo” das forças policiais da cidade. “Perguntas fundamentais estão sendo feitas, e justamente por isso. A maneira que lidamos com o policiamento precisa mudar”, disse.

O procurador-geral dos Estados Unidos, Eric Holder, confirmou nesta semana que será realizada uma investigação independente para determinar se houve violação de direitos civis nos casos. A investigação federal será “independente, exaustiva, justa e ágil”, anunciou.

“Casos recentes puseram a toda prova a confiança entre a polícia e os cidadãos”, constatou Holder, que reiterou seus chamados para que essa confiança seja “restaurada”.