Sem direitos

Tribunal egípicio confirma 183 condenados à morte e prisão de jornalistas

Justiça condena à morte 183 apoiadores do presidente islamita deposto Mohamed Mursi; jornalistas do canal de televisão Al Jazeera têm penas de prisão

Centro de Notícias da ONU

Egípcios protestam no Cairo em julho de 2013

São Paulo – Representantes das Nações Unidas criticaram hoje (23) as mais recentes decisões da justiça egípcia, manifestando “grande preocupação” pela confirmação de 183 condenações à morte e pelas penas de prisão impostas a três jornalistas do canal de televisão Al Jazeera.

No sábado (21), um tribunal egípcio confirmou a condenação à morte de 183 apoiadores do presidente islamita deposto Mohamed Mursi, incluindo o líder da Irmandade Muçulmana, Mohammed Badie.

Hoje, a justiça egípcia condenou a sete e a dez anos de prisão três jornalistas da Al Jazeera, canal de televisão do Catar, acusados de apoiar o movimento Irmandade Muçulmana.

Para o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, “parece ser claro que esses processos não respeitam os princípios básicos de um julgamento imparcial”, disse o porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric.

Na opinião de Ban Ki-moon, “participar de manifestações pacíficas ou criticar o governo não deveria ser motivo de detenção ou de processos judiciais”, acrescentou o porta-voz.

O secretário-geral “acredita que ao permitir que todos os cidadãos exerçam de forma plena os seus direitos, o Egito sairá reforçado”, concluiu Dujarric.

A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, também criticou a conduta da justiça egípcia, qualificando de “paródia de justiça” os julgamentos em massa feitos no Egito, que já condenaram à morte mais de 220 pessoas.

Em comunicado divulgado em Genebra, Navi declarou estar “chocada e muito alarmada” com as sentenças aplicadas contra os jornalistas da Al Jazeera.

Na nota, a alta comissária considerou que as acusações apresentadas contra os jornalistas do canal de televisão do Catar são vagas. “Reforçando, portanto, a ideia de que o verdadeiro alvo é a liberdade de expressão”, destacou.

“Não é crime ter uma câmera ou tentar relatar os diferentes pontos de vista sobre um acontecimento. Não é crime criticar as autoridades”, disse a representante, apelando às autoridades egípcias para “libertarem sem demora” todos os jornalistas e profissionais de comunicação.

O jornalista egípcio-canadense Mohamed Fadel Fahmy, chefe da delegação da Al Jazeera até o momento em que ela foi proibida no Egito, e o australiano Peter Greste foram condenados a sete anos de prisão, enquanto o egípcio Baher Mohamed foi condenado a duas penas de prisão: uma de sete e outra de três anos.

Os três profissionais estavam detidos aproximadamente há seis meses.