Após conflitos no passado, Cristina Kirchner é primeira chefe de Estado recebida pelo papa

Relação entre o então arcebispo de Buenos Aires e os Kirchner foi abalada pela legalização do aborto e do casamento gay na Argentina

São Paulo – A presidenta da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, encontrou-se hoje (18) com o papa Francisco e, apesar do passado conflituoso entre ambos, ela foi a primeira chefe de Estado recebida pelo pontífice, informou o Vaticano. O porta-voz da igreja, Federico Lombardi, disse à Agência Efe que a reunião foi um “gesto de cortesia e afeto” para a presidente e ao povo da Argentina, país onde o papa nasceu.

O Vaticano não deu maiores informações sobre o encontro e disse que a recepção foi “privada”. O porta-voz ressaltou que não se tratou de uma visita formal ou de Estado, mas de um gesto de cortesia, de carinho para a sua terra natal: “Trata-se de um gesto de cortesia, de atenção para a Argentina e sua presidente”. O padre considerou como “natural” o fato de o Papa receber a presidente da Argentina, o país do pontífice, de maneira “diferente” do restante das delegações que assistirão à missa de inauguração de seu pontificado.

Segundo o Vaticano, o papa Francisco tem programado um almoço com a governante argentina na residência Santa Marta, onde os cardeais se alojaram durante o conclave. O pontífice, que ainda não tomou posse de seus aposentos no Palácio Apostólico, ainda vive no local.

A relação entre Francisco, que ainda é arcebispo de Buenos Aires, e os Kirchner foi bastante tensa nos últimos anos, sobretudo após a aprovação de leis sobre o aborto e o casamento homossexual, temas combatidos pelo então cardeal Jorge Mario Bergoglio.

Na época, Cristina e seu marido, Néstor Kirchner, falecido em outubro de 2010, romperam a tradição que vinha desde 1810 e não assistiram à missa Te Deum, que no dia 25 de maio é celebrada na Catedral Metropolitana de Buenos Aires em homenagem à Revolução de Maio. A última audiência privada entre Cristina e Bergoglio aconteceu em 2010. Cristina assistirá também nesta terça-feira (19) à missa de início do pontificado, na qual são esperadas 150 delegações de vários países.

O papa Francisco deve receber os representantes de cada país no final da missa, no Altar da Confissão, no interior da Basílica de São Pedro. A delegação argentina estará composta pelo ministro das Relações Exteriores, Héctor Timerman; o presidente da Suprema Corte de Justiça, Ricardo Lorenzetti; o titular da Câmara dos Deputados, Julián Domínguez e o deputado Ricardo Alfonsín, além de representantes da Conferência Episcopal Argentina e de vários partidos políticos do país.