Engenheiros avançam no resfriamento de reator no Japão, mas cresce preocupação com radiação

OMS reconhece dano mais grave do que o imaginado inicialmente (Foto: Yuriko Nakao/Reuters) São Paulo – Técnicos que trabalham na zona de isolamento da usina de Fukushima, na costa nordeste […]

OMS reconhece dano mais grave do que o imaginado inicialmente (Foto: Yuriko Nakao/Reuters)

São Paulo – Técnicos que trabalham na zona de isolamento da usina de Fukushima, na costa nordeste do Japão, obtiveram avanços no resfriamento das barras de combustível nuclear superaquecidas nesta segunda-feira (21). No entanto, cresce a preocupação mundial por causa da radiação na pior crise atômica do planeta desde Chernobyl. Desde o terremoto e do tsunami de 11 de março, as autoridades estimam que ao menos 21 mil pessoas morreram ou estão desaparecidas.

Os engenheiros do complexo nuclear de Fukushina, a 240 quilômetros ao norte de Tóquio, conseguiram ligar os cabos de energia a todos os seis reatores e iniciaram o bombeamento de água. “Vemos uma luz para sair desta crise”, disse o primeiro-ministro Naoto Kan, segundo uma autoridade, numa rara demonstração de otimismo no momento mais difícil para o Japão desde a Segunda Guerra Mundial. No entanto, dois reatores danificados soltaram fumaça, forçando a retirada temporária dos trabalhadores.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou, em comunicado, que a radiação nos alimentos é mais séria do que anteriormente imaginado. “Está claro que a situação é séria”, disse Peter Cordingley, porta-voz do escritório regional do Pacífico Oriental da OMS sediado em Manila, à Reuters em uma entrevista por telefone. “É seguro supor que uma parcela de produtos contaminados tenha saído da zona de contaminação”, prosseguiu. Codingley disse não haver evidência de que alimentos contaminados oriundos de Fukushima tenham chegado a outros países.

Longe da usina, a evidência crescente de radiação em verduras, na água e no leite causa agitação entre os japoneses e no exterior, apesar das garantias oficiais de que os níveis não são perigosos. A Tokyo Electric Power, que opera a usina, informou que foi encontrado um pequeno traço de radiação nas águas do Oceano Pacífico que não apresentam perigo imediato.

“As poucas medidas de radiação relatadas nos alimentos até agora são muito mais baixas do que ao redor de Chernobyl em 1986, mas o quadro total ainda está emergindo”, disse Malcolm Crick, secretário do Comitê Científico dos Efeitos da Radiação Atômica da ONU, à Reuters.

Laurence Williams, professor de segurança nuclear no Instituto John Tyndall, na Grã-Bretanha, concorda. “Você teria de beber ou comer muito para obter um nível de radiação que seria perigoso”, disse. “Nós vivemos em um mundo radioativo, recebemos radiação vinda da terra, da comida que comemos. É um tema que causa comoção e a indústria nuclear e os governos têm de tomar mais ações para educar as pessoas”, minimizou.

Apesar disso, o Japão pediu que alguns moradores próximos à usina parem de beber água da torneira depois da detecção de altos níveis de iodo radioativo. O país também interrompeu suas remessas de leite, espinafre e de uma outra verdura chamada kakina produzidos na área.

Com informações da Reuters