Serra iguala prática de Maluf e quebra convenção para nomeação de reitor da USP

Governador escolhe segundo mais votado de lista tríplice, prática que não ocorria desde 1981, quando o país vivia sob ditadura

O governador de São Paulo, José Serra, escreveu seu nome na história da Universidade de São Paulo (USP) nesta sexta-feira (12) ao nomear João Grandino Rodas para exercer o cargo de reitor. O diretor da Faculdade de Direito do Largo São Francisco foi o segundo mais votado pelo restrito conselho que conduz o segundo turno da eleição interna da USP.

Desde 1981, sob ditadura e na gestão de Paulo Maluf, o governador de turno vinha respeitando a decisão interna, ou seja, nomeava o primeiro da lista. Desta vez, Glaucius Oliva, diretor do Instituto de Física de São Carlos, ganhou mas não levou.

Pesou contra ele o fato de ser próximo à reitora Suely Vilela, que teve inúmeros problemas de relacionamento com José Serra. O governador não gostou nem um pouco da ocupação de 2007 do prédio da Reitoria. Desde então, sob pressão de setores conservadores, Suely Vilela resolveu endurecer a conduta, culminando na repressão policial a estudantes e funcionários em plena Cidade Universitária, fato que não ocorria há 40 anos. Após a repressão, em junho, Oliva encabeçou a lista de docentes que manifestaram apoio à atitude da reitora.

João Grandino Rodas, por outro lado, tem bom trânsito entre tucanos, com apoio de ex-ministros e secretários de governos do PSDB. Presidiu o Conselho  Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e a Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos do Ministério da Justiça durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. Foi Além disso, o diretor da Faculdade de Direito ganhou pontos ao determinar a repressão policial à ocupação de estudantes no Largo São Francisco em 2007.

Este ano, Rodas determinou o fechamento do edifício da faculdade durante uma manifestação de universidades estaduais paulistas. Na ocasião, o professor Fábio Konder Comparato conversou com a Rede Brasil Atual. Visivelmente triste por não ter conseguido entrar para a realização de uma banca de pós-graduação, o professor manifestou ter ficado envergonhado com a situação. “Eu fiquei literalmente surpreso com essa decisão, que não tem a meu ver nenhum apoio nos princípios republicanos que devem reger a Universidade”, afirmou.