USP elege terceiro reitor seguido vindo do interior

Glaucius Oliva, diretor do Instituto de Física de São Carlos, vence eleições indiretas e deve ser nomeado pelo governador de São Paulo

O diretor do Instituto de Física de São Carlos, Glaucius Oliva, deve ser nomeado em breve como novo reitor da Universidade de São Paulo (USP). O professor foi o mais votado no segundo turno das eleições indiretas da USP e encabeça a lista tríplice que será encaminhada ao governador do estado, José Serra. Ainda que não exista regra escrita, no geral os governadores respeitam a decisão da restrita comunidade de 320 votantes.

O segundo turno da votação, nesta quarta-feira (11), ocorreu sob forte tensão e debaixo de protestos. Depois de manifestações na terça (10), a reitora Suely Vilela decidiu transferir a votação para a Biblioteca do Memorial da América Latina, escrevendo mais uma página inédita na história da USP: a escolha de reitor sendo feita fora dos muros da Cidade Universitária.

Glaucius Oliva, que integra a USP desde 1981, já havia sido o mais votado na primeira rodada, em que a participação é um pouco menos restrita. Se confirmado pelo governador, será o terceiro reitor seguido a sair do interior do estado. Suely Vilela é de Ribeirão Preto e Adolpho Melfi é docente de Piracicaba.

Em segundo lugar, como no primeiro turno, ficou João Grandino Rodas, diretor da Faculdade de Direito do Largo São Francisco. A terceira posição ficou com Armando Corbani Ferraz, pró-reitor de Pós-Graduação.

Francisco Miraglia, que se considerava como único candidato real de oposição e que foi vencedor da consulta organizada pela Associação de Docentes da USP, ficou na quinta posição, atrás de Sonia Penin, diretora da Faculdade de Educação e ex-pró-reitora de Graduação. (Confira o resultado completo)

Metodologia

A metodologia de escolha de reitor da USP, sempre fortemente contestada, passou a sofrer mais oposição na atual gestão. Apenas 320 integrantes de uma comunidade de mais de cem mil pessoas elegem a administração da universidade. A maioria do grupo é de professores titulares, que têm décadas de carreira na instituição, restando a estudantes e funcionários uma participação praticamente insignificante.

Marcada por episódios de confronto, a atual gestão chega ao fim com pouco respaldo. Em 2007, um grupo de estudantes ocupou o prédio da Reitoria em protesto contra diversos problemas. Este ano, em junho, a Polícia Militar entrou na Cidade Universitária e, em um fato que não se via desde a ditadura, reprimiu estudantes e funcionários, gerando greve de todas as universidades estaduais paulistas e um movimento por democratização da USP. Recentemente, a Adusp manifestou estranhamento à ligação entre a reitora e o Banco Santander.

Além da eleição direta e paritária para reitor, entidades representativas querem mais participação de alunos e servidores nos fóruns decisórios da universidade. Atualmente, o Conselho Universitário, instância máxima de decisão, tem menos de 5% de participação de não-docentes.