Kassab corta 17 mil vagas na pré-escola; 28 mil crianças aguardam na fila

Movimento de mães organiza protesto nesta quarta contra redução. Secretaria de Educação alega que impacto de mudanças é residual

A prefeitura de São Paulo cortou 17 mil matrículas no ensino infantil, segundo dados do próprio governo. Para crianças de 4 a 6 anos, houve queda de 5% em relação ao registrado há dois anos promovidas pela gestão do prefeito Gilberto Kassab (DEM). Apesar disso, existem 28,5 mil crianças na fila de espera por matrículas.

Nesta quarta-feira (11), acontece um protesto na frente da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo. A manifestação, segundo Silvana, quer chamar atenção para as medidas educacionais que não atendem as crianças e quando atendem são feitas de forma precarizada. 

Faltam vagas em 92 dos 96 distritos da cidade de São Paulo. Desde 2007, entidades mantidas em parceria com instituições privadas transferem suas vagas da pré-escola para as creches (0 a 3), onde o déficit é maior.

A coordenadora do Movimento das Mães Sem Creche, Silvana Soares de Assis, declarou à Radioagênica NP que a medida não resolve o problema de demanda nas creches, além de afetar a pré-escola. “Esse é um dispositivo que o Kassab está utilizando para maquiar a demanda de educação infantil”, afirma.

“Achamos que tem que haver uma medida jurídica, administrativa e política para impedir que essa medida siga em curso”, defendeu Silvana.

O advogado e coordenador da ONG Ação Educativa, Salomão Ximenes, concorda. “É uma contradição absurda da política pública educacional aqui na cidade de São Paulo, você fechar vagas na educação infantil quando crianças não são atendidas por ausência de vagas. Você procura atender um maior número de pessoas sem uma quantidade de novas escolas, de novas creches”, critica.

Para secretário de Educação da cidade, Alexandre Schneider, em declaração à Folha de S.Paulo, o impacto da mudança nos convênios “é residual”. Segundo ele, os alunos atendidos pelos convênios vêm sendo transferidos para a rede da própria prefeitura paulatinamente.

Haveria, na visão do secratário, não um corte, mas um problema de distribuição. A transferência da pré-escola para as creches teria deixado regiões com mais vagas que crianças e outras com fila de espera e falta de vagas.

Com informações da Radioagência NP