Jovens cientistas brasileiros brilham em feira mais importante do mundo

Estudantes de escolas públicas e privadas ganham 16 prêmios na Intel ESEF, a maior feira estudantil de ciência e engenharia do mundo realizada nos Estados Unidos

Alunos do ensino médio de escolas públicas e particulares brasileiras brilharam na Intel ISEF (sigla em inglês para Feira Internacional de Ciência e Engenharia), maior evento pré-universitário do setor no mundo, que acontece todo ano em San Jose, no estado americano da Califórnia. No total foram dezesseis prêmios e duas menções honrosas.

Participaram 1.600 estudantes, com idades entre 14 e 21 anos, de 59 países. A premiação aconteceu nesta quinta e sexta-feira, dias 13 e 14/5. Os jovens brasileiros e suas invenções premiadas foram selecionados em março último, durante a Feira Brasileira de Ciência e Engenharia (Febrace), da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), e também na Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia (Mostratec) realizada em outubro passado pela Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha, de Novo Hamburgo, RS.

Com o projeto Gemara e Gematria: um estudo de caso sobre os efeitos da contextualização sociocultural para a aprendizagem da matemática, Tamara Gedankien, 17 anos, aluna da Escola Brasileira Israelita Chaim Nachman Bialik, de São Paulo, SP, conquistou três prêmios. Primeiro lugar na categoria ciências comportamentais da ISEF, destaque como o melhor da categoria e outro primeiro prêmio concedido pelo Instituto de Tecnologia de Illinois. No total, ganhou 8 mil dólares para ela, mil dólares para a escola e uma bolsa de estudos de quatro anos da entidade de Illinois, no valor de 15 mil dólares.

Karoline Elis Lopes Martins, 18 anos, aluna do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, em Belo Horizonte, MG, também recebeu três prêmios, totalizando 13 mil dólares. Seu projeto de construção de um canal com garrafas PET integrado a um sistema de água e de tratamento de resíduos obteve a primeira colocação no Prêmio Google e se destacou no prêmio da Fundação Lemelson e na categoria meio ambiente da ISEF. A estudante teve ainda menção honrosa do Conselho Internacional sobre sistemas de engenharia.

William Lopes, 20 anos, aluno da Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha, de Novo Hamburgo, RS, ficou em primeiro lugar na categoria agentes da mudança, do Prêmio Google, recebendo 10 mil dólares. E em segundo lugar no prêmio ISEF Intel com o projeto de utilização do fungo Aspergillus niger em tratamento de águas residuais. O prêmio é de 1,5 mil dólares. Recebeu ainda 1 mil dólares da Fundação Lemelson.

Da mesma escola, Eduardo Trierweiler Boff, 18 anos, e Lucas Strasburg Ferreira, 18 anos, ficaram em segundo lugar na categoria projetos em grupo da ISEF. Receberam 1,5 mil dólares pelo projeto de prótese ortopédica de baixo custo para amputação de membros inferiores, produzida a partir de materiais recicláveis.

João Batista de Castro David Junior, 17 anos, do Colégio Estadual Liceu de Maracanaú, na cidade cearense de Maracanaú, saiu com três prêmios e 2,5 mil dólares no bolso com o projeto Identificação de insetos larvicidas biológicos. Seu trabalho foi reconhecido pela Fundação Lemelson, ISEF e pela CACO Pharmaceutical & BioScience Society, sociedade californiana formada por cientistas do setor farmacêutico.

Com o projeto tecelagem de saúde: a tecelagem antimicrobial a partir da teia da aranha Phoneutria nigriventer, Leonardo de Oliveira Bodo, 15 anos, aluno do colégio particular Dante Alighieri, de São Paulo, recebeu um prêmio da Sociedade Americana de Farmacognose e outro da ISEF, na categoria bioquímica, totalizando 1,5 mil dólares.

Heitor Geraldo da Cruz Santos, 15, da Associação Educacional e Cultural Arco-Iris, Recife, PE, recebeu 150 dólares pelo terceiro lugar no prêmio concedido pela International Honor Society in Psychology, entidade criada em 1929 para estimular o interesse de estudantes por assuntos da psicologia. O estudante pernambucano concorreu com o projeto de uma nova metodologia para o estudo da educação nutricional nas escolas brasileiras.

Amanda De La Rocque Rodrigues, 18 anos, Carlos Henrique Leite da Silva, 18 anos, e Paolo Damas Pulcini, também de 18, alunos ETEC Getúlio Vargas, em São Paulo, SP, tiveram menção honrosa pelo projeto sulfonação de poliestireno para ser aplicado na retenção de íons de metais pesados.

O Brasil participa da ISEF desde 2003, quando conquistou um prêmio – resultado igual ao de 2005. Em 2006, foram duas premiações; em 2008, três; e cinco no ano passado. Apenas em 2004 e 2007 os estudantes não conseguiram vencer em nenhuma das categorias.