Escolas técnicas

Centro Paula Souza deve ser desocupado nesta quinta-feira

Reintegração de posse será realizada às 10h sem o uso de violência policial. Estudante da Etesp denuncia intimidação da direção da escola

gabriel valery/rba

Estudantes não estão encontrando espaço para negociar com a direção do CPS

São Paulo – Estudantes que ocupam desde a última quinta-feira (28) o prédio do Centro Paula Souza (CPS), autarquia estadual responsável pela administração das escolas técnicas (Etecs), devem sofrer ação de reintegração de posse na manhã desta quinta-feira (4). Durante audiência de conciliação realizada hoje no Fórum Hely Lopes Meireles, na região central da capital, não houve acordo quanto às reivindicações dos jovens. A única proposta aceita foi de que a Polícia Militar está impedida de usar armas e violência durante o processo.

A advogada Marina Tambelli afirmou que não deve haver nenhuma arma, letal ou não. “A reintegração deve acontecer amanhã sem qualquer tipo de armas ou violência policial.” Um dos alunos disse que os secundaristas devem realizar uma assembleia para decidir o que fazer: “Minha opinião é que devemos engrossar outras ocupações”.

O número de ocupações cresceu durante a tarde de hoje. São 14 escolas, sendo 12 Etecs. Na Escola Técnica Estadual São Paulo (Etesp), os presentes afirmam estar receosos, pois a direção do CPS restringiu a entrada de imprensa e de estudantes. “Qualquer coisa que aconteça aqui, ninguém vai ficar sabendo”, disse uma aluna.

A hostilidade do Centro Paula Souza com os alunos começou na primeira ocupação. Secundaristas encontram-se nas dependências do prédio administrativo da autarquia, na região central da capital paulista, desde a última quinta. Ao solicitar diálogo com a diretora superintendente, Laura Laganá, receberam uma série de negativas. O ápice da tensão aconteceu na segunda-feira (2), quando a Força Tática da Polícia Militar, sob comando do secretário estadual da Segurança Pública, Alexandre de Moraes, invadiu o local de concentração dos estudantes. Sem base legal, a PM teve de se retirar do prédio.

Os jovens reivindicam a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o escândalo conhecido como “máfia da merenda”, a distribuição de alimentação adequada para todos os alunos – especialmente do período integral – o fim de cortes nas verbas destinadas à educação e o fim do que chamam de “reorganização disfarçada” promovida pela gestão, que segundo o Ministério Público já fechou 1.681 turmas no estado em todos os níveis.

Os estudantes realizam assembleias periodicamente para decidir os próximos passos das ocupações. A ausência de lideranças formais é defendida pelos estudantes. É comum a presença de professores e advogados, que acabam realizando aulas públicas. Na Etesp, de acordo com o relato da secundarista, a direção quer impedir a rotina de aprendizado dos alunos. “Estávamos com aulas marcadas de violão e oficinas de teatro, então, o diretor disse para mim que teríamos de nos ver com a polícia”, disse uma secundarista.