Rio Grande do Sul

Sartori recusa-se a atender reivindicações de estudantes que ocupam Assembleia

Líder do governo no Legislativo gaúcho disse que governador irá receber quem quiser conversar no momento que os prédios forem desocupados. Tendência é de manutenção da ocupação por tempo indefinido

Joana Berwanger/Sul21

Ocupação de estudantes no saguão da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul

Sul 21 Após uma manhã com diversas rodadas de negociação entre estudantes que ocupam a Assembleia Legislativa (AL), deputados e governo do Rio Grande do Sul, o governador José Ivo Sartori (PMDB) recusou a atender à reivindicação dos jovens de agendar uma audiência com representantes do movimento enquanto a Casa não for desocupada. Também se recusou a avaliar outra condição, o adiamento da discussão do Projeto de Lei 44/2016, que versa sobre a possibilidade do governo ceder a administração de escolas e outros serviços públicos para organizações sociais, o que os estudantes consideram como uma tentativa de privatizar o ensino público. A informação foi passada à imprensa pelo líder no governo na AL, deputado Gabriel Souza (PMDB).

“O governo entende que, em virtude da ocupação de prédios públicos prejudicar o bom trâmite e andamento da sociedade gaúcha como um todo, inclusive com votações importantes prestes a acontecer na Assembleia, enquanto não houver a desocupação desses prédios, não haverá possibilidade de negociações com os movimentos”, disse o deputado. “O governo já fez esforços até o seu limite para que possa atender as reivindicações, inclusive já sinalizou com a possibilidade de debater melhor alguns projetos de lei que estão tramitando na AL. Essa é a resposta que o governo tem a dar e solicitamos a compreensão dos movimentos, com todo respeito que temos por eles, para que desocupem os prédios públicos para que a gente possa continuar conversando e dialogando num sentido que fique bom para todos”, complementou.

Souza disse que o governo do estado irá receber quem quiser conversar com o governo no momento que os prédios públicos forem desocupados e que estaria disposto a fazer concessões aos movimentos estudantis em determinados pontos, mas frisou o Piratini não entende que faltou diálogo com os estudantes, o que é um dos motivos dados por eles para a ocupação da AL.

“O governo entende que houve diálogo, inclusive com o alto escalão do governo, o secretário da Educação, mas mesmo com esse diálogo e com atendimento parcial da pauta em tudo aquilo que fosse possível ser atendido não houve uma contrapartida da negociação de parte dos movimentos e, ao contrário da desocupação das escolas, houve ocupação de outros prédios públicos”, afirmou.

Com esta resposta, a tendência é que os estudantes mantenham a ocupação da AL por tempo indefinido. “Como o Sartori mais uma vez nega o diálogo aos estudantes, vamos permanecer ocupando até que haja esse diálogo”, afirmou Fernando Fontoura, estudante do colégio Irmão Pedro e diretor da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes).

Mais cedo, a estudante Ana Paula Santos, do colégio Protásio Alves e uma das líderes do movimento estudantil, já havia criticado a falta de diálogo por parte do governo Sartori. “A gente quer a garantia de uma audiência com o governador do Estado porque até agora não foi feito esse diálogo. A secretaria de Educação já anunciou que não quer mais conversar conosco. A gente quer uma garantia de audiência com o próprio governador, que está há 35 dias ignorando o fato de 150 escolas ocupadas”, disse.

Ela ainda ressaltou a preocupação dos estudantes com o PL 44. “O que nos preocupa é a privatização do Ensino Público, que é um direito nosso. Aqui em Porto Alegre, a gente tem a ameaça de que o ensino possa ser privatizado. Empresas podem assumir uma responsabilidade que é do governo, ao mesmo tempo pode não haver mais concursos para professores, eles podem vir a ser contratados como empresas, terceirizando o serviço. E tem a questão das escolas do interior, que aí podem não ser privatizadas, mas fechadas”.

Para deixar a AL, os estudantes também reivindicam a retirada do PL 190, de autoria do deputado Marcel Van Hattem (PP), que prevê a criação do programa Escola Sem Partido.