Mercado de trabalho

País perdeu 1,5 milhão de empregos com carteira em 2015

Mas saldo acumulado desde 2003 é positivo, com a criação de 16,8 milhões de vagas formais. Queda no ano passado foi maior em regiões metropolitanas do que no interior. Salário de admissão caiu

Valter Campanato/Agência Brasil

Agricultura foi único setor com saldo positivo no ano

São Paulo – O mercado de trabalho formal interrompeu uma longa série positiva e fechou 2015 com 1,542 milhão de vagas a menos (queda de 3,74% no estoque), segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Previdência Social, divulgado hoje (21). É o pior resultado da série histórica, iniciada em 1992. Foram criados 17,707 milhões de empregos formais e eliminados 19,250 milhões, no primeiro resultado negativo desde 1999. Apenas o setor de agricultura não eliminou postos de trabalho no ano passado. O salário médio de admissão também caiu. Mas o saldo acumulado desde 2003 segue positivo, com a criação de 16,862 milhões de empregos com carteira assinada.

O setor que mais fechou vagas foi a indústria de transformação: 608.878, queda de 7,41%. Percentualmente, a construção civil teve retração maior, 13,6%, o correspondente a menos 416.959 empregos formais. O comércio fechou 218.650 vagas (-2,32%). E o setor de serviços, que vinha sendo o principal responsável pela criação de postos de trabalho, eliminou 276.054 (-1,58%). A agricultura fechou 2015 com saldo de 9.821 postos de trabalho criados (0,63%). Com os resultados, o estoque de empregos com carteira no país está em 39,663 milhões.

No caso da indústria, os 12 ramos tiveram perda no ano passado. Entre os destaques, estão os setores têxtil (menos 98.825 vagas), material de transporte (81.225) e metalúrgico (76.480). Em serviços, o segmento de administração de imóveis fechou 170.586 empregos.

Todos os estados e regiões cortaram vagas em 2015. São Paulo, por exemplo, fechou 466.686 empregos com carteira (-3,65%). A retração foi maior nas regiões metropolitanas, que perderam 752.726 vagas (-4,48%), ante 500.539 no interior (-3,37%).

De acordo com o Caged, o salário médio de admissão teve queda real (já descontada a inflação, tendo como referência o INPC-IBGE) de 1,64%, passando para R$ 1.270,74. A retração foi maior entre os homens: -2,28%, ante -0,34% no caso das mulheres.

No período de 2011 a 2015, o salário médio de admissão registra aumento real de 9,95%. A alta é de 10,08% para homens e de 11,18% para as mulheres.

Apenas em dezembro, foram eliminados 596.208 postos de trabalho formais (-1,48%). É um mês em que historicamente o resultado é negativo.

Ao comentar os resultados do Caged, o ministro Miguel Rossetto disse que “a prioridade do governo em 2016 é a reversão do cenário negativo, recuperação do crescimento econômico e da geração de empregos, com mais crédito, exportação, investimentos nas concessões, especialmente na infraestrutura, redução da inflação e retomada da atividade do mercado interno”. Segundo o Ministério do Trabalho, mesmo com o resultado ruim o estoque do Caged é o terceiro maior da série histórica.

Tivemos um ano de 2015 difícil, mas o mercado de trabalho do país manteve uma capacidade rápida de resposta a estímulos de demanda e um estoque formal forte e organizado de 39,6 milhões de empregos”, afirmou Rossetto.