A volta por cima

Com Lula presente, Dilma toma posse na presidência do ‘Banco dos Brics’

Em cerimônia nesta quinta-feira em Xangai, destaque foi para o viés social e o compromisso da instituição com a proteção ambiental, infraestrutura social e digital

Fotos: Ricardo Stuckert/PR
Fotos: Ricardo Stuckert/PR
Lula e Dilma se encontram na China para a cerimônia de posse da nova presidência do Banco do Brics. "Viés social pelo bem comum"

São Paulo – Com participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), também conhecido como “Banco dos Brics“, deu posse a Dilma Rousseff como sua nova presidenta da instituição. A cerimônia foi realizada na tarde desta quinta-feira (13) em Xangai, na China (madrugada no Brasil). O mandato de Dilma vai até julho de 2025, mas ela já tem participado de reuniões na instituição desde a semana passada. O NBD é responsável pelo financiamento de projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável dos países que fazem parte da instituição.

Em sua participação na posse da ex-presidenta do Brasil na direção do Banco dos Brics, Lula fez duras críticas ao modelo tradicional de financiamento de instituições financeiras internacionais. Também destacou que o NDB não tem a participação do Fundo Monetário Internacional (FMI) ou de instituições financeiras de países de fora do grupo.

“Pela primeira vez um banco de desenvolvimento de alcance global é estabelecido sem a participação de países desenvolvidos em sua fase inicial. Livre, portanto, das amarras e condicionalidades impostas pelas instituições tradicionais às economias emergentes. E mais, com a possibilidade de financiamento de projetos em moeda local”, disse Lula.

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O Banco dos Brics é formado originalmente por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Depois, passaram a integrar a instituição Bangladesh, Egito, Emirados Árabes Unidos e Uruguai.

Para Lula o banco que passa a ser dirigido por Dilma é um instrumento importante de combate à desigualdade, ressaltando o atendimento à recuperação dos países mais afetadas por questões climáticas e econômicas. “A mudança do clima, a pandemia e os conflitos armados impactam negativamente as populações mais vulneráveis. Muitos países em desenvolvimento acumulam dívidas impagáveis. É nesse contexto que a criação do NDB se impõe”.

No encerramento de sua fala, Lula fez um apelo à comunidade internacional por mais generosidade entre as pessoas. “Não podemos ter uma sociedade sem solidariedade, sem sentimento. Temos que voltar a ser generosos. Vamos ter que aprender a estender a mão outra vez. Nós precisamos derrotar o individualismo que está tomando conta da humanidade”.

Prosperidade comum

Por sua vez, Dilma Rousseff lembrou foi em seu governo que, em 2014, foi organizada a reunião de cúpula que deu origem ao Banco dos Brics, em Fortaleza.

Assim como Lula, a nova presidenta também reforçou o viés social do banco, sinalizando em toda sua fala que a instituição vai apoiar as comunidades mais pobres em projetos de promoção da dignidade e assumiu o compromisso do NDB com a proteção ambiental, infraestrutura social e digital.

“Assumir à presidência do NDB é uma oportunidade de fazer mais para os países dos Brics, mas também para os países emergentes e os países em desenvolvimento”, acrescentou.

“Estou confiante de que juntos podemos realizar nossa visão de desenvolvimento. Queremos que a prosperidade seja comum a todos os países.”

Dilma disse ainda que o banco captará recursos no mercado mundial em diferentes moedas. E que a instituição buscará financiar projetos com moedas locais, para privilegiar os mercados domésticos e evitar prejuízos com variações cambiais.

Desafios de Dilma e dos Brics

Segundo especialistas ouvidos pela Agência Brasil, a nova presidenta do NBD terá a oportunidade de ampliar a inserção internacional na instituição, mas enfrentará dois grandes desafios: impulsionar projetos ligados ao meio ambiente e driblar o impacto geopolítico das retaliações ocidentais à Rússia, um dos sócios-fundadores.

Criado em dezembro de 2014 para ampliar o financiamento para projetos de infraestrutura e de projetos de desenvolvimento sustentável no países que integram o grupo, assim como em outras economias emergentes, o NDB atualmente tem cerca de US$ 32 bilhões em projetos aprovados.

Desse total, cerca de US$ 4 bilhões estão investidos no Brasil, principalmente em projetos de rodovias e portos, além de programas de apoio à renda, mobilidade sustentável, adaptação à mudança climática, saneamento básico e energias renováveis.

Para presidir o Banco dos Brics, Dilma se mudou para Xangai.

Com Agência Brasil e g1

Posse de Dilma Rousseff como presidenta do Banco dos Brics, com presença de Lula, atraiu atenção da comunidade e da imprensa internacional

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