Banco dos Brics confirma saída de bolsonarista e abre caminho para Dilma
Ex-presidenta deve ser confirmada no cargo no próximo dia 24, em reunião das finanças dos cinco países que compõem o bloco
Publicado 10/03/2023 - 16h51
São Paulo – O Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) anunciou nesta sexta-feira (10) que o atual presidente Marcos Troyjo deixará o cargo no próximo dia 24. No mesmo dia, a Assembleia de Governadores do chamado Banco dos Brics deve aprovar o nome da ex-presidenta Dilma Rousseff. Ela foi indicada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no mês passado.
“O Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) deu início a um processo de transição de liderança, que ocorre de forma mutuamente acordada e em observância à governança e aos procedimentos da instituição”, informou o banco. Em nota, o banco também confirma que vai eleger um novo presidente “indicado pelo Brasil, para assumir o mandato rotativo que vence em 6 de julho de 2025”
Nesta quinta (9), Dilma fez reuniões virtuais com ministros de Finanças dos países dos Brics (bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Eles compõem o Conselho de Governadores do NBD, mais alta instância da instituição.
A chegada de Dilma à presidência do Banco dos Brics coincide com a viagem de Lula a China. No final do mês, dia 28, ele se reúne com presidente chinês, Xi Jinping, e a ex-presidenta deve compor a delegação brasileira. O NBD tem sede em Xangai. Nesse sentido, a escolha de Dilma reflete à importância que Lula atribui ao bloco dos Brics e também à China, maior parceiro comercial do Brasil.
Bolsonarista
Marcos Troyjo assumiu como presidente do NBD em julho de 2020, indicado pelo então presidente Jair Bolsonaro. Muito identificado ao bolsonarismo, o próprio reconheceu a “saia justa” que seria permanecer à frente da instituição, após a mudança no governo brasileiro. Antes de assumir, Troyjo, que é diplomata, atuava como comentarista da Jovem Pan, quando fazia constantes ataques a Lula.
O NBD disse que a gestão Troyjo “introduziu uma nova estrutura organizacional voltada para operações complexas e especializadas do setor privado”. E que aprimorou “o papel e a independência da auditoria interna e do compliance“.
Histórico
Fundado em 2014, o NBD passou a operar em 2016, com capital inicial de US$ 100 bilhões. O objetivo é servir como alternativa ao Banco Mundial e ao Fundo Monetário Internacional, instituições controladas por norte-americanos e europeus. Atualmente, o banco tem 100 projetos nos países membros, em setores de mobilidade urbana, energia renovável, saneamento e transporte, tanto do setor público como da iniciativa privada. O Brasil já teve nove projetos aprovados pela instituição e recebeu R$ 4,4 bilhões em empréstimos.