São Paulo – A TVT exige neste sábado (27), às 21h, o documentário Jango, de Silvio Tendler. Com quase duas horas de duração, o filme foi lançado no início de 1984. Pouco antes de se completarem 20 anos do golpe que depôs João Goulart, o único presidente brasileiro a morrer no exílio (em 1976, na Argentina).

Autor de aproximadamente 80 obras, Tendler já havia lançado Os Anos JK em 1980 – depois faria outros abordando o ex-presidente Juscelino Kubitschek. Seu filme sobre João Goulart surgiu na fase final da ditadura, quando o Brasil vivia a comoção da campanha das Diretas Já, mas ainda veria um presidente (Tancredo Neves, outro personagem do cineasta, em 2011) ser eleito indiretamente, até a população ter novamente o direito de escolher seu principal governante. Isso só voltou a acontecer em 1989.

Renúncia, posse e golpe

Jango narra a trajetória do político gaúcho, apadrinhado de Getúlio Vargas, de quem foi ministro do Trabalho. Eleito vice-presidente em 1960 (as eleições para presidente e vice eram separadas), viu-se levado ao poder com a renúncia de Jânio Quadros, em 1961. Os militares não aceitavam sua posse, por considerá-lo ‘comunista”, e a crise se instalou. A saída foi costurar as pressas um acordo para aprovar o parlamentarismo no Brasil, a fim de reduzir os poderes do presidente.

Um plebiscito em 1963 restaurou o regime presidencialista, e João Goulart recuperou poderes. Mas seu governo foi tenso até o fim, com setores conservadores conspirando abertamente. As chamadas reformas de base eram vistas como sinais de “comunismo”, algo muito distante do pensamento de Jango. No documentário estão momentos dramáticos, como o Comício da Central do Brasil, dias antes do golpe, e a revolta dos marinheiros.

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