Arte

Perdas da cultura brasileira: Paulo Caruso, mestre do desenho político, e Sueli Costa, autora de pérolas da MPB

Cartunista morreu aos 73 anos, em São Paulo. Carioca Sueli estava com 79. Lula divulgou nota de pesar

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São Paulo – O fim de semana começou com perdas na cultura brasileira. Ontem (3), morreu a compositora carioca Sueli Costa, aos 79 anos. Na manhã deste sábado, foi a vez do cartunista paulista Paulo Caruso, 73.

Sueli completaria 80 anos em julho. A causa da morte não foi revelada. O velório foi marcado para a partir das 11h deste domingo, no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro. O crítico Mauro Ferreira escreveu no portal g1 “que fica difícil esmiuçar as discografias” de artistas como Elis Regina, Maria Bethânia, Nana Caymmi e Simone “sem esbarrar algumas (ou muitas) vezes no nome de Sueli Costa.

Bethânia, por exemplo, incluiu três músicas da então desconhecida no show Rosa dos Ventos. Já Elis gravou Vinte anos blue (Sueli e Vitor Martins) e Altos e Baixos (Sueli e Aldir Blanc). E Simone emplacou sucessos como Face a face (Sueli Costa e Cacaso), Jura secreta (Sueli e Abel Silva), Medo de amar nº 2 (parceria com Tite de Lemos) e Cordilheira (Sueli Costa e Paulo César Pinheiro).

Desenhista e fã de música

Já Paulo Caruso, que passava por tratamento de um câncer no intestino, estava internado no Hospital 9 de Julho, região central de São Paulo. Além de caricaturista e chargista, ele era fã de música e chegou a montar uma banda só com desenhistas, a Muda Brasil Tancredo Jazz Band. Paulo é irmão gêmeo de Chico Caruso, também cartunista. Ele podia ser visto todas as segundas-feiras desenhando ao vivo no programa Roda Viva, da TV Cultura. Ambos começaram a trabalhar em jornal por volta dos 18 anos, já na ditadura.

Paulo, por exemplo, começou no Diário Popular. Também passou pela Folha de S.Paulo e pelo alternativo Movimento, seguindo para o Pasquim na década de 1970. Anos mais tarde, na revista IstoÉ, publicava a coluna Avenida Brasil, com histórias da política. Pouco antes, colaborava com as revistas Careta e Senhor, de 1981 a 1984. Em parceria com o jornalista Alex Solnik, essas sátiras foram reunidas no livro Bar Brasil.

“A matéria-prima é toda fornecida pelo governo. Eu acho que nós, cartunistas, deveríamos virar ‘estatal’ porque nós dependemos tanto do governo para nossa produção”, afirmou certa vez.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgou nota de pesar pela morte do cartunista. “Caruso foi um grande desenhista e cronista político, com uma criatividade inesgotável, retratou com talento e consciência o dia-a-dia que constrói nossa história recente. O seu traço veloz e seu humor já são parte da memória nacional. Contribuiu com seu talento na luta pela democracia e por um país com direito à liberdade de expressão.”


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