Silêncio

Morre Theo de Barros, um dos principais instrumentistas brasileiros e co-autor de ‘Disparada’

Violonista nascido no Rio de Janeiro e radicado em São Paulo tinha acabado de completar 80 anos. Ele foi um dos integrantes do Quarteto Novo

Bruno Conrado/Divulgação
Bruno Conrado/Divulgação

São Paulo – O violonista, compositor e arranjador Theo de Barros morreu na madrugada desta quarta-feira (15), apenas cinco dias depois de completar 80 anos. As causas não foram reveladas.

Um dos grandes instrumentistas brasileiros, Theo sempre será lembrado, entre outros motivos, por integrar o Quarteto Novo, nos anos 1960. O grupo foi criado inicialmente como trio, com ele, Airto Moreira e Heraldo do Monte. Posteriormente, entrou Hermeto Pascoal. O Quarteto Novo lançou apenas um LP, em 1967, até hoje cultuado. O grupo trabalhou com Geraldo Vandré e Edu Lobo. Com a morte de Theo, termina o sonho acalentado por muitos, de ver os quatro novamente reunidos.

Prepare o seu coração

Theo é, inclusive, autor de Disparada, em parceria com Vandré. “Feita em duas ou três noites”, segundo ele. A música foi vencedora do festival da TV Record em 1966, dividindo o primeiro lugar com A Banda, de Chico Buarque. A interpretação do clássico da MPB foi feita por Jair Rodrigues (ouça aqui).

O músico também compôs Menino das Laranjas, gravada no primeiro compacto de Elis Regina, em 1964. Vandré também incluiu a obra no seu primeiro LP, no mesmo ano. Menino das Laranjas ganhou outras versões, como a de Mariana Aydar.

O único LP do Quarteto Novo, até hoje cultuado (reprodução)

Primeira música aos 13

Carioca do bairro do Catete, Teófilo Augusto de Barros Neto sempre foi cercado de música, com pai radialista e mãe cantora. Ganhou o primeiro violão aos 10 anos. Quando tinha 11, em 1954, a família se mudou para São Paulo. Nessa época , ele compôs a primeira música, o samba Saudade Pequenina.

Sua estreia profissional foi no final dos anos 1950, na boate Lancaster, tocando contrabaixo, ao lado de César Camargo Mariano, entre outros. Como muitos da sua geração, foi seduzido pela Bossa Nova e passou a fazer parte da turma que costumava se reunir para ouvir e tocar, aprendendo e desenvolvendo harmonias mais modernas.

Theo também foi diretor musical de peças teatrais, como Arena conta Tiradentes, Arena Conta Zumbi e Arena Conta Bolívar, de Augusto Boal. Versátil, trabalhou em vários projetos, incluindo jingles publicitários.

Em sua carreira, gravou seis álbuns. O penúltimo, Tatanagüê, ganhou o 29º Prêmio da Música Brasileira. Renato Braz, Mônica Salmaso, Ricardo Barros (seu filho) e Alice Passos participam desse trabalho. A faixa-título é parceria de Theo com Paulo César Pinheiro, como quase todas.

O velório será realizado amanhã (16), das 8h às 12h, no Cemitério do Araçá, em São Paulo.

Confira participação de Theo de Barros no programa Colibri na Quarentena, da Rádio Brasil Atual. Ouça aqui homenagem ao músico.