Passeata em São Paulo protesta contra o fim de cinema na Rua Augusta
Vários setores da sociedade se reúnem nesta quinta, às 20h, na Biblioteca Mário de Andrade, para caminhada noturna pela preservação do espaço cultural
Publicado 23/02/2023 - 15h45
São Paulo – De cineastas, a urbanistas e comerciantes, diversos grupos da sociedade seguem mobilizados para impedir a demolição do anexo do Espaço Itaú de Cinema da Rua Augusta, em São Paulo. Nesta quinta-feira (23), a partir das 20h, eles vão realizar caminhada noturna contra o apagamento da memória paulistana e pela manutenção das salas 4 e 5 do espaço anexo de cinema.
Um dos endereços mais tradicionais da cidade de São Paulo e um dos poucos cinemas de rua que restam na capital, o espaço pode ser fechado para sempre no próximo dia 28. Embora exista desde março de 1995, o imóvel cultural foi comprado pela incorporadora Vila 11, que tem como projeto demolir o local para abrigar um prédio comercial. De acordo com o arquiteto e urbanista Nabil Bonduki, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), o processo está diretamente ligado à especulação imobiliária na região.
O especialista participa da manifestação nesta quinta, onde também falará sobre “as nefastas transformações da Rua Augusta”. Nabil diz ser possível, contudo, “revertê-las, mantendo a ampliação dessa rua que é um ícone de São Paulo”, conforme anunciou em suas redes sociais. O debate pela preservação do cinema também contará com a presença da presidenta da Sociedade dos Amigos e Moradores do Bairro Cerqueira César (Samorc), Célia Marcondes.
Luta continua
A passeata foi organizada pelo nutricionista Carlos Beutel, responsável pelo Apfel Restaurante Vegetariano na região. A ação marca o movimento popular que vem sendo construído desde o ano passado em favor da permanência do espaço de cinema anexo. O espaço seria fechado ainda no dia 16 de fevereiro. A data precisou, porém, ser adiada diante da alta adesão do público que compareceu até ontem (22) no local para conferir a exibição do A Última Floresta, de Luiz Bolognesi e Davi Kopenawa.
Em paralelo, o Ministério Público de São Paulo também tenta na Justiça reverter o processo e garantir a preservação do cinema e do Café Fellini, instalado no local. O órgão quer que o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp) analise a possibilidade de manter o anexo. A ideia é transformar o local em uma Zona Especial de Preservação Cultural (Zepec).
Serviço
Caminhada noturna “O apagamento da memória paulistana: Cine Itaú Augusta”
Saída: Biblioteca Mário de Andrade, na Rua da Consolação, 94, centro histórico de São Paulo
Horário: 20h