violência policial

Morre menina Heloisa, baleada por agentes da Polícia Federal Rodoviária. ‘Algo que não pode acontecer’, diz Lula

A menina de 3 anos foi vítima de disparos de agentes da PRF no feriado de 7 de setembro. Autoridades lamentaram e questionaram o papel da corporação cada vez mais violenta

Reprodução/Arquivo Pessoal
Reprodução/Arquivo Pessoal
Heloisa estava junto com a família no carro alvejado pela PRF mesmo quando o pai, que dirigia, havia sinalizado que ia parar

São Paulo – A morte neste sábado (16) da menina Heloisa, de 3 anos, vítima de disparos de agentes da Polícia Federal Rodoviário (PRF) causou dor, indignação e reflexões sobre o papel da corporação cada vez mais violenta. A criança estava internada na unidade de tratamento intensivo do Hospital Municipal Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Ela foi levada após ter sido atingida por disparos dos policiais no feriado de 7 de Setembro, quando o carro da família seguia para casa, em Petrópolis, na região serrana.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se manifestou pela morte da criança em uma rede social. “Algo que não pode acontecer, escreveu em mensagem de solidariedade aos pais.

A primeira dama, Janja da Silva, também se manifestou:

O modelo da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que tem no currículo o assassinato de outro inocente, Genivaldo Santos, em maio de 2022, foi questionado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes.

“Ontem, Genivaldo foi asfixiado numa viatura transformada em câmara de gás. Agora, a tragédia do dia recai na menina Heloisa Silva. Para além da responsabilização penal dos agentes envolvidos, há bem mais a ser feito. Um órgão policial que protagoniza episódios bárbaros como esses — e que, nas horas vagas, envolve-se com tentativas de golpes eleitorais —, merece ter a sua existência repensada”, escreveu no seu perfil no X, antigo Twitter.

O magistrado também lembrou a atuação dos agentes da corporação durante o segundo turno das eleições, sob o comando do então diretor da PRF, o bolsonarista Silvinei Vasques. Na ocasião, fizeram blitz em diversas estradas para parar ônibus que conduziam eleitores, especialmente de regiões em que Jair Bolsonaro (PL) não tinha a preferência. O objetivo era atrasar as viagens e fazer os eleitores perderem a hora da votação.

O ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), também publicou a nota de pesar, lamentando a ação que resultou em morte de uma criança. “Quanto à apuração de responsabilidade administrativa, reitero que o processo administrativo foi instaurado no mesmo dia da ocorrência. Minha decisão só pode ser emitida ao final do processo, como a lei determina”, disse.

O ministro, que chefia a pasta responsável pela PRF, disse também que está em curso um inquérito da Polícia Federal para apurar o caso. E que o resultado da apuração será enviado ao MPF (Ministério Público Federal) e à Justiça.

O advogado-geral da União, Jorge Messias, também usou as redes sociais para lamentar a morte de Heloisa. “É preciso apurar com rigor as causas e as responsabilidades dessa tragédia. Determinei à Procuradoria-Geral da União que acompanhe imediatamente o caso para avaliar eventual responsabilização na seara cível”, escreveu.

De acordo com relatos de parentes e testemunhas, uma viatura da PRF passou a seguir o carro em que a menina estava. E os policiais passaram a atirar após o pai da criança, William Silva, dar sinal de parada. Estavam no carro com Heloisa seus pais, uma irmã de oito anos e uma tia. O caso é investigado pelo Ministério Público Federal, pela Polícia Federal e pela Corregedoria-Geral da PRF.

Segundo a equipe médica responsável, ao menos dois tiros atingiram a menina, sendo um no ombro e outro na nuca.