História

Comunidade se reúne para discutir proteção ao patrimônio da Fordlândia, no Pará

Ministério Público tem ação de tombamento do local, que de 1927 a 1945 funcionou como polo de produção de borracha

Benson Ford Research Center
Benson Ford Research Center
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São Paulo – Audiência pública realizada na semana passada, no Pará, discutiu formas de preservar o patrimônio da área onde funcionou a chamada Fordlândia, dos anos 1920 a 1940. O local, na região de Aveiro, oeste do estado, foi criado para operar como polo produtor de borracha. Está abandonado há décadas.

Assim, segundo o Ministério Público Federal (MPF), instituições e moradores foram unânimes “em declarar apoio a uma atuação colaborativa para proteger o patrimônio cultural do distrito”. Além da audiência, na terça (7), um dia antes foi realizada inspeção judicial na área. As atividades fazem parte de uma ação em que o MPF pede o tombamento do local.

Cooperação

“De acordo com as instituições federais, estaduais e municipais representadas na audiência pública, e também segundo os representantes comunitários presentes, só o trabalho cooperativo entre as instituições envolvidas e entre elas e a população é que pode oferecer soluções com a urgência e efetividade necessárias para garantir a conservação e proteção do patrimônio”, diz ainda o MPF. “A demanda pela preservação do patrimônio cultural de Fordlândia e pelo respeito aos direitos da população deve ser compreendida como uma demanda de cooperação, e não de polos opostos no processo”, afirmou o juiz federal Domingos Daniel Moutinho da Conceição Filho.

Além de audiência pública, representantes do Judiciário fizeram inspeção na área onde funcionou a Fordlândia (Foto: Ianara Duarte/Justiça Federal)
 

Identidade

A ação civil pública “traduz, a uma, a posição privilegiada que a Constituição Federal de 1988 conferiu ao meio ambiente cultural como instrumento de proteção da memória coletiva e formação dos traços de identidade e, a duas, como a condução de processos judiciais de forma estruturada e cooperativa haverá sempre de garantir resultados mais efetivos”, diz o procurador da República Gabriel Dalla Favera de Oliveira. “Assim, com o relevante avanço obtido na inspeção judicial e audiência pública promovidas pela Subseção Judiciária de Itaituba, valoriza-se imediatamente a sociedade de Fordlândia e mediatamente a própria Constituição.”

Além de representantes do Judiciário e do Ministério Público, participaram da audiência líderes comunitários, integrantes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), do governo estadual e municipal, Defensoria Pública, professores e pesquisadores. A aventura amazônica do empresário norte-americano foi e continua sendo objeto de estudo, como no documentário Beyond Fordlândia, do professor Marcos Colón, ou do livro Fordlândia – Ascensão e Queda da Cidade Esquecida de Henry Ford na Selva (Rocco), do também professor Greg Grandin.

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