OAB critica polícia por demora em investigação de crimes contra moradores de rua em Maceió

São Paulo – A morte de 37 pessoas consideradas “vulneráveis” – na maioria moradores de rua -, em Maceió (AL), de janeiro a novembro deste ano, teriam sido causados pelo […]

São Paulo – A morte de 37 pessoas consideradas “vulneráveis” – na maioria moradores de rua -, em Maceió (AL), de janeiro a novembro deste ano, teriam sido causados pelo avanço do tráfico de drogas e falta de políticas públicas na área social, avalia o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Gilberto Irineu. Suspeita-se da ação de grupos de extermínio na cidade. 

Para Irineu, em entrevista à Rede Brasil Atual, também houve demora da polícia em elucidar os crimes, logo que começaram os homicídios. “Há dez meses que esses crimes estão ocorrendo. A polícia judiciária não agiu em momento hábil. Se o crime foi em fevereiro porque não agiu no prazo da lei? Esperou-se até novembro para elucidar o crime”, indaga o representante da OAB. “Talvez porque (fossem) moradores de rua”, suscita.

Irineu analisa que a ausência  de políticas públicas na área social nas últimas décadas, na capital alagoana, “explodiu de forma trágica” com a morte de dezenas de moradores de rua.

Três policiais civis são investigados pela morte de um morador de rua. Um vigilante foi preso suspeito de matar outros quatro moradores de rua, com característica de execução sumária. “() alguns casos com características de grupo de extermínio, embora praticado por um só agente”, explica Irineu.

Um dos acusados é um segurança de supermercado cujos proprietários estariam incomodados com a presença dos moradores de rua nas proximidades do estabelecimento. Com medo da onda de violência, os moradores de rua têm procurado lugares considerados seguros para passar a noite, como as portas das delegacias da cidade. O único albergue público da capital alagoana tem 50 vagas para cerca de 312 pessoas em situação de rua.

Levantamento realizado pelo Movimento de Meninos e Meninas de Rua mostra que, entre 1980 e 2002, pelo menos 103 moradores de rua foram assassinados na área central de Maceió – uma média de 4,6 crimes ao ano.

Relatório da Polícia Civil de Alagoas, encaminhado nesta segunda-feira (22), ao governador Teotonio Vilela Filho (PSDB), indica que 61,5% dos assassinatos de vulneráveis estão esclarecidos e sete acusados estão presos. Dos 14 crimes com autoria ainda não definida, cinco já estão com linhas de investigação “bastante adiantadas”, cita a nota da Delegacia Geral. As investigações foram realizadas pela polícia do estado com auxílio da Força Nacional.

Na quarta-feira (24), o recém criado Comitê de Apoio a Moradores de Rua reúne-se pela primeira vez para estabelecer um plano emergencial para  pessoas vulneráveis. Entre as prioridades do comitê estão triplicar o número de albergues na cidade, garantir que as secretarias de habitação, saúde, esportes, lazer, educação, assistência social e direitos humanos mantenham ações emergenciais nos próximos seis meses, policiamento ostensivo e mapeamento da população de rua, esclarece Gilberto Irineu, que preside o órgão.