governo de morte

Relatório aponta naturalização do genocídio indígena nos quatro anos de Bolsonaro

Documento lançado hoje pelo Conselho Indigenista Missionário faz retrospectiva do período de 2019 a 2022. O aumento “crescente e assustador” da violência contra os povos indígenas deixou 4.347 mortos, sendo 3.552 crianças menores de 4 anos

Arquivo Povos Guarani e Kaiowá
Arquivo Povos Guarani e Kaiowá

São Paulo – O novo relatório do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), lançado nesta quarta-feira (26), aponta a naturalização do genocídio indígena durante o governo Jair Bolsonaro. Segundo os autores, que fizeram uma retrospectiva do período de 2019 a 2022, houve aumento “crescente e assustador” da violência contra os povos indígenas.

Afinal, conforme demonstram, este era um projeto de governo. Durante sua campanha, o então candidato já dava pistas do que estava por vir: não demarcaria “um centímetro” de território indígena. Mas ele foi além. Com a paralisação total das demarcações, houve escalada dos conflitos e de invasões a estes territórios. Sem contar o desmonte das políticas públicas voltadas aos povos indígenas e dos órgãos responsáveis por fiscalizar e protegê-los.

“Não demarcar e viabilizar o acesso de exploradores às terras demarcadas foram eixos motores da antipolítica indigenista, que desterritorializou e fragilizou a aplicação do direito, gerando um ambiente de profunda insegurança e violências sem precedentes na história recente do Brasil”, apontam Lucia Helena Rangel e Roberto Antonio Liebgott, coordenadores da publicação, na introdução do relatório.

Em quatro anos, a violência disparou. Confira:

  • 3.552 crianças indígenas de até 4 anos mortas devido à omissão do poder público;
  • 795 assassinatos;
  • 407 registros de conflitos por direitos territoriais, ataques, pressões e disputas sobre os territórios indígenas; e
  • 1.133 invasões em terras indígenas, com exploração ilegal de recursos naturais e danos diversos ao patrimônio indígena.

O cenário desolador foi evidenciado pelo assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, em junho de 2022, na região da Terra Indígena (TI) Vale do Javari, no Amazonas. E pela divulgação da ação nefasta de garimpeiros invasores no território Yanomami. A destruição ambiental e a violência trouxeram a morte, inclusive devido à fome. Em quatro anos de governo bolsonarista, mais de 500 crianças morreram. Uma crise ambiental e humanitária sem precedentes no território indígena.

O ano de 2022, que encerrou o ciclo nefasto de quatro anos, foi igualmente violento. Em 2022, essa postura se refletiu no alto número de casos registrados nas categorias conflitos por direitos territoriais, com 158 registros, e invasões possessórias, exploração ilegal de recursos e danos ao patrimônio, com 309 casos que atingiram pelo menos 218 terras indígenas em 25 estados do país.

Clique aqui para baixar o relatório 2022

Confira vídeo do lançamento o documento:

Redação: Cida de Oliveira