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Disputa por recursos deve pautar futuros conselhos populares de São Paulo

Segundo prefeitura, há 2.762 pretendentes para 1.125 vagas. Na periferia, luta por maior verba para bairros hoje fora de listas prioritárias domina propostas de candidatos

CC / Fekazi

Lideranças comunitárias defendem Conselhos Populares como instrumento de conquista de direitos em bairros como o Capão Redondo

São Paulo – Pré-candidatos ao Conselho Participativo Municipal pretendem atuar principalmente para ampliar e equilibrar a distribuição de recursos nas subprefeituras em que residem. Segundo lideranças comunitárias entrevistadas pela RBA, a expectativa é que os colegiados venham a ser um espaço para garantir recursos públicos em regiões consideradas “esquecidas” entre os 96 distritos paulistanos.

Candidato na subprefeitura de Capela do Socorro, no extremo sul da capital paulista, o presidente da Associação de Moradores do Parque Cocaia, Juarez Ribeiro, acredita que uma das mais importantes discussões nos conselhos deve ser a destinação de investimentos das subprefeituras. “A gente nota que há uma discrepância na forma de distribuição de recursos no distrito. A Vila São José e o Parque América recebem muito mais investimentos e ações do que o Parque Cocaia ou o Jardim Gaivotas”, avaliou. Ele comparou bairros mais antigos e consolidados da região a localidades surgidas mais recentemente e em que faltam infraestrutura e serviços públicos.

Ribeiro afirma que se inscreveu para concorrer ao conselho com olhar voltado para a região onde mora. “Me preocupo com esta população mais afastada, que vive quase às margens da represa (de Guarapiranga) e que é cotidianamente esquecida no planejamento regional”, disse, destacando que pretende atuar principalmente em prol dos bairros Jardim Gaivotas, Parque Cocaia, Residencial Cocaia e Jardim Eliana.

Ele considera que as informações sobre o processo de inscrição e do funcionamento da eleição deixaram muito a desejar. “As pessoas só sabiam dizer que tinha de preencher a ficha de inscrição e conseguir cem assinaturas de apoio. Como e onde a eleição será realizada, regras gerais, como podemos fazer a campanha, nada disso foi esclarecido”, reclamou.

Clareza

O líder comunitário João das Virgens da Silva, da favela Vietnã, na região do Jabaquara, disse que pretende garantir visibilidade às demandas das populações carentes de sua região e fiscalizar a aplicação das verbas da subprefeitura. “Tem muitos lugares aqui que não recebem praticamente nenhum investimento da regional. Não há clareza de como os recursos são alocados. Esse é o momento de lutarmos para mudar essa situação”, afirmou. Silva espera também poder dialogar com os conselhos temáticos para sugerir ações específicas sobre saúde e educação, por exemplo.

As comissões eleitorais de cada subprefeitura vão avaliar os documentos entregues pelos candidatos e divulgarão os nomes dos concorrentes no dia 28 de outubro.

Segundo balanço parcial divulgado na noite de ontem (7) pela Secretaria de Relações Governamentais da prefeitura de São Paulo, 2.762 pessoas se inscreveram para um total de 1.125 vagas de conselheiros das subprefeituras. Até o fechamento desta matéria, a pasta informou que ainda esperava saber o número final de inscrições de algumas unidades. Cada regional terá entre 19 e 51 representantes.

A Subprefeitura do M’Boi Mirim, na zona sul, registrou o maior número de interessados — 141. Esta regional terá 51 cadeiras no Conselho Participativo. Outras subprefeituras que se destacaram no número de inscritos foram São Miguel Paulista, com 114 candidatos, Penha (113), Itaim Paulista (105) e Freguesia/Brasilândia (102).