Alimentação saudável

Feira da Reforma Agrária voltará ao Parque da Água Branca em São Paulo

MST espera superar os números da última edição da feira, que teve 1.684 produtos e 260 mil visitantes. Evento será realizado de 10 a 14 de maio

MST
MST
Além dos produtos, evento terá culinária e atividades culturais

São Paulo – A Feira da Reforma Agrária voltará à cidade de São Paulo, após intervalo de quatro anos. O evento será novamente no Parque da Água Branca, na zona oeste, de 10 a 14 de maio – de quinta a domingo. E ocorre em momento de discussão mais ampla do tema da fome e da importância da alimentação saudável, além da retomada de políticas envolvendo a agricultura familiar.

Assim, esta será a quarta edição da feira, organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Na mais recente, em 2019, havia 1.684 tipos de produtos, entre in natura e industrializados, com expositores de todo o país. “Queremos trazer uma diversidade ainda maior de alimentos”, afirma Diego Moreira, dirigente nacional do setor de produção do MST.

Direito humano

Pelo menos mil pessoas estarão envolvidas na organização da feira. E se na última edição o público no parque chegou a 260 mil, a expectativa é de atingir pelo menos 500 mil visitantes. “A ordem do dia é a dos alimentos”, acrescenta Diego. “No centro do debate está o tema dos alimentos saudáveis, a soberania alimentar, do alimento como direito humano.”

Nesse sentido, a volta do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) e o novo Bolsa Família são fatores que trazem otimismo ao movimento. “Esperamos que o concretizar dessas políticas públicas esteja relacionados com a agricultura familiar, com a reforma agrária” afirma Diego. Ações que “nos últimos seis anos o Estado brasileiro fez questão de esconder”, completa o dirigente do MST.

Agricultura familiar e agronegócio

A busca da diversidade de alimentos só é possível com a agricultura familiar, enquanto o agronegócio se preocupa com as monoculturas, compara Diego. “Para isso, precisa de política pública. Desde a terra, créditos que orientem a cooperação e também garantam a comercialização.” A preocupação é garantir meios para que cooperativas e associações possam escoar sua produção para pequenas e médias cidades, mas também nos grandes centros. “Hoje, há uma aceitação muito grande da sociedade, mais consciência ecológica de consumo, qual a relação socioambietal que tem naquele produto.”

Assim como nas edições anteriores, além da venda de produtos, haverá o espaço dedicado aos pratos das várias regiões brasileiras (Culinária da Terra). Também serão organizadas atividades culturais, com debates e apresentações musicais. Esse evento se insere ainda no início das celebrações dos 40 anos do MST, que serão completados em 2024.

Leia também: MST ocupa áreas de empresa no sul da Bahia em protesto contra agrotóxicos e êxodo rural 

Entre a grande variedade de produtos vindos das cooperativas e associações vinculadas ao movimento, estão vinhos e sucos de uva. O tema foi lembrado pelo recente episódio de trabalhadores resgatados em Bento Gonçalves (RS) envolvendo vinícolas. Segundo o MST, a maior parte dos produtos também é originária da região Sul.

A Feira da Reforma Agrária foi interrompida devido à pandemia, além de certos problemas com o governo estadual na época – o parque era vinculado ao poder publico. Desde 2019, o evento passou a fazer parte do calendário oficial de eventos da cidade (Lei 17.162).