repressão

‘A violência do Estado deixa marcas físicas e simbólicas, psíquicas e institucionais’

Para Conselho Regional de Psicologia de São Paulo, ações da PM, sob comando do governador Geraldo Alckmin (PSDB), contra manifestantes, vem demonstrando 'abuso de poder e violação de direitos'

reprodução/midianinja

‘É importante o esforço para que a adolescência seja despida do estereótipo de violenta’, disse o CRP-SP

São Paulo – O Conselho Regional de Psicologia de São Paulo (CRP-SP) divulgou hoje (15) uma nota revelando preocupação com a criminalização de protestos em defesa da democracia. “Desde o dia 31 de agosto, data que ficou marcada pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff e que se caracterizou como um golpe parlamentar, o uso do aparato militar tem aumentado na repressão de manifestantes”, afirma o órgão colegiado. Em resposta, o CRP-SP disse que vai “manter a vigilância e o apoio” à população.

A demonstração de repúdio à violência policial ocorre às vésperas de novos atos contra o governo de Michel Temer (PMDB). O maior deles, no domingo (18), é convocado pela Frente Brasil Popular e pela Frente Povo Sem Medo, na Avenida Paulista, a partir das 16h. Entretanto, os casos mais graves de violência policial estão frequentemente ligados a protestos menores.

O maior exemplo foi no dia 31, quando a Policia Militar, sob comando do governador Geraldo Alckmin (PSDB), agrediu fotógrafos e chegou a cegar uma jovem estudante. Neste cenário, existe um protesto marcado para amanhã, também na Avenida Paulista, às 17h.

“A violência que o Estado emprega para o jovem também se dissemina em toda a população em forma de repressão em manifestações de cunho democrático. A violência do Estado deixa marcas físicas e simbólicas, psíquicas e institucionais”, continuam. Outro ponto destacado pelo Conselho foi a prisão de 26 jovens na manifestação do último dia 4, em São Paulo, que ocorreu com ajuda de um capitão infiltrado do Exército. “Tempos difíceis para a nossa democracia”, disse o juiz ao considerar as prisões ilegais.

“As condições em que se deram tais apreensões, seguidas de inaceitável incomunicabilidade dos detidos, denunciam abuso de poder e violação do direito básico de ter garantida sua defesa, além de clara afronta a direitos preconizados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). O desrespeito foi extensivo aos familiares, advogados, defensores públicos e cada cidadão e cidadã ali representado”, afirma.

O conselho denuncia a violência de Estado contra adolescentes. “Para o CRP-SP, é importante o esforço para que a adolescência seja despida do estereótipo de violenta, destrutiva e perigosa. Pelo compromisso da psicologia com os direitos das crianças, adolescentes e jovens, o conselho vai manter a vigilância em relação aos abusos cometidos e disposto a ofertar apoio às instâncias e coletivos que se colocam na defesa do direito de participação e proteção desses jovens”, completa.