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Torcidas organizadas são parte do futebol e da cultura, mas mídia tradicional só fala em violência

Associação critica elitização do futebol, defende cotas para público de baixa renda nos estádios e diz que mídia omite papel social e cultural das torcidas organizadas

DANIEL AUGUSTO JR./AG. CORINTHIANS
DANIEL AUGUSTO JR./AG. CORINTHIANS
O presidente da Anartog lembra que São Paulo detém quatro torcidas participando do carnaval: 'São as mesmas pessoas contribuindo nas arquibancadas e na cultura'

São Paulo – As torcidas organizadas são associadas à violência de forma injusta e é preciso reverter essa imagem, defende Alex Minduín, sociólogo e presidente da Associação Nacional das Torcidas Organizadas do Brasil (Anatorg). De acordo com ele, a mídia tradicional dá mais preferência a endossar casos de conflito do que a mostrar o papel social e cultural dos torcedores.

“A gente precisa desmitificar o que a grande imprensa fez com as torcidas organizadas. Na primeira divisão, são mais de 700 torcidas presentes nos jogos, acompanhando os clubes. Elas também fazem trabalhos sociais. As organizadas são parte do futebol e do espetáculo. Quando você tem uma pequena parcela que adentra na questão do conflito, a imprensa dá uma notoriedade maior, enquanto a maioria desses torcedores quer contemplar o futebol”, afirma Minduín aos jornalistas Marilú Cabañas e Glauco Faria, na Rádio Brasil Atual.

O presidente da Anatorg lembra que São Paulo tem quatro torcidas participando do carnaval: Mancha Verde, Gaviões da Fiel, Torcida Independente e Torcida Jovem. “São as mesmas pessoas contribuindo nas arquibancadas e na cultura”, diz. Além do papel cultural, Minduín exemplifica as ações sociais que as entidades realizam na cidade.

“A Mancha Verde atende pessoas em situação de rua, a Gaviões da Fiel distribui cesta básica, realiza a campanha do agasalho e beneficia várias comunidades. As torcidas estão inseridas no dia a dia das comunidades. Quando houve o desabamento do prédio no Largo do Paissandu (o edifício Wilton Paes de Almeida), os primeiros que ajudaram as pessoas da ocupação foram integrantes da Torcida Independente“, acrescenta.

Um dos pontos também criticados pela Anatorg é a elitização dos estádios. Minduín defende que seja estabelecida uma porcentagem fixa de ingressos a preços populares destinada a torcedores de baixa renda. “Essa elitização do futebol é um erro dos dirigentes. Nós defendemos que cada setor das novas arenas destine 5% de suas áreas para torcedores de baixa renda. É uma desinteligência por parte dos dirigentes ter espaços ociosos quando eles poderiam ser ocupados pela massa”, observa.

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