silêncio

Convocado pela CNV, major Curió evita audiência pública sobre Araguaia

Apontado como algoz de guerrilheiros no norte do país, militar internou-se em hospital das forças armadas para realização de exames; comissão tentará ouvi-lo em outro momento

agência brasil

Diante das faltas, a CNV apresentou as investigações sobre o episódio

São Paulo – O major Sebastião Rodrigues de Moura, conhecido como Major Curió, não atendeu à convocação da Comissão Nacional da Verdade (CNV) e faltou à audiência pública sobre a Guerrilha do Araguaia que o grupo realiza hoje (12) em Brasília. Curió era a presença mais aguardada no evento, uma vez que enfrenta acusações de tortura e execuções de guerrilheiros. Após atuar na repressão ao movimento armado, tornou-se líder político na região central do Pará.

“Fomos informados na tarde de ontem (11) pelo advogado do major que ele estava se internando no hospital das forças armadas de Brasília para realização de exames”, explicou o coordenador da CNV, Pedro Dallari, ao iniciar os trabalhos. “Inicialmente, ele havia afirmado que compareceria à audiência, mas ontem às 20h disse que não viria. Estamos aguardando para saber se podemos nos deslocar até sua casa ou ao hospital para colher seu depoimento.”

Além de Curió, a CNV havia convocado os militares Leo Frederico Cinelli, Thaumaturgo Sotero Vaz e José Conegundes do Nascimento, que também combateram o levante guerrilheiro no Araguaia. De acordo com o coordenador da comissão, Nascimento não confirmou presença nem ausência. Diante das faltas, os membros da CNV procederam à apresentação das investigações sobre o episódio, ouviram vítimas e familiares.

“Metade dos desaparecidos políticos da ditadura está relacionada ao Araguaia e não poderíamos deixar de dar a importância devida à guerrilha”, explicou Dallari, avisando que a audiência trata-se de “apenas mais uma atividade” conduzida pela CNV sobre o tema. “No relatório final, haverá um capítulo especialmente dedicado à situação do Araguaia. Haverá também um perfil de todas as pessoas que perderam a vida durante a guerrilha.”

Segundo Dallari, membros da comissão devem visitar, no final de agosto, um local conhecido como Casa Azul de Marabá, no sul do Pará, apontada como um dos centros de tortura, assassinato e ocultação de cadáveres do regime. “A Casa Azul já foi objeto de audiência pública realizada em São Paulo sobre os centros clandestinos de tortura e, agora, faremos uma visita in loco”, adianta. “Haverá depoimentos de agentes da repressão que tiveram relação direta com graves violações.”