danos ambientais

Pescadores paralisam obra da Comgás na represa Billings

Trabalhadores reivindicam solução para poluição na represa, que pode estar matando peixes

São Bernardo do Campo – Pescadores da Colônia de Pescadores Z 1, da capatazia de São Bernardo, paralisaram as obras de instalação do gasoduto no fundo da represa Billings. Onze barcos, com cerca de 60 pessoas a bordo, cercaram as barcaças da Comgás que transportam trabalhadores e a tubulação a ser instalada no fundo da represa, na manhã desta terça-feira (2).

A obra, de responsabilidade da Comgás, começou em abril. O protesto tenta chamar a atenção para possíveis danos ambientais na represa. Os pescadores afirmaram que iriam liberar as barcaças depois de uma reunião com a chefia da Comgás, marcada para esta tarde.

De acordo com a capataz da colônia, Vanderleia Rochumback, antes do início das obras, era possível pescar até 50 quilos de peixes por dia na represa. “Hoje não conseguimos mais que dois quilos. Não conseguimos sobreviver com isso”, destacou.

Dentre as revindicações dos pescadores está a captação de recursos para que seja implementado o projeto experimental tanques-rede (espécie de viveiro de peixes), uma das formas de solucionar o problema da crescente escassez de peixes no reservatório.

“Em 2010, conseguimos liberação de R$ 440 mil com o governo federal para a implementação do projeto, mas a Cetesb proibiu pelo risco de contaminação da represa. Tivemos de devolver o dinheiro pois o projeto foi barrado”, lembrou Vanderleia.

O Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima) da obra prevê a instalação do gasoduto submerso por 24 quilômetros. O temor dos pescadores é que a instalação possa matar os peixes da represa, contaminar a água, entre outras degradações ambientais. Eles dizem que, com a instalação da tubulação, o lodo contaminado do fundo da represa é revolvido, mistura-se com a água e causa danos por até 10 horas até que os resíduos se assentem novamente.

Outro ponto levantado pelos pescadores é a Comgás arcar com um salário para os trabalhadores da pesca, enquanto durar a obra. “No período de reprodução dos peixes, entre novembro e fevereiro, o governo nos paga um salário, pois ficamos sem trabalho. Essa situação é a mesma”, destacou.