São Paulo – A Justiça de São Paulo aceitou denúncia do Ministério Público de São Paulo e concedeu uma liminar “para o fim de impedir o repasse de recursos públicos ou pagamento de quaisquer valores pelo município de São Paulo” à empresa IMX, responsável pela organização do evento de UFC no último dia 19 de janeiro, no ginásio do Ibirapuera, na zona sul da capital.

O processo desencadeado pelo promotor de Justiça Valter Foleto Santin começou a partir de representação enviada por três cidadãos que citaram, em sua denúncia, matéria publicada pela RBA em 28 de dezembro, último dia útil da gestão de Gilberto Kassab (PSD), quando o ex-prefeito assinou o convênio com a IMX, pelo qual a prefeitura pagaria R$ 2,5 milhões para patrocinar o evento.

Na decisão, publicada no último dia 24, a juíza Luiza Barros Rozas disse que o pedido de liminar “comporta acolhimento” devido ao risco “de lesão aos cofres públicos”. Ela acrescenta que, em princípio, “não se vislumbra a existência de interesse público no patrocínio de evento de UFC MMA por meio de doação de recursos da municipalidade a entidade de direito privado”.

Em entrevista à RBA, o promotor Santin afirmou defender o princípio de que “o administrador tem de fazer a melhor escolha”. Nesse caso, explicou, “é visível que é uma escolha danosa, uma péssima escolha gastar tanto dinheiro num evento que não é olímpico”. Para ele, se o Brasil vai sediar uma Olimpíada, em 2016, no mínimo as verbas poderiam ser destinadas a uma modalidade incluída nos jogos. “É importante que seja estimulado o desenvolvimento de esportes olímpicos”, disse Santin, status que a modalidade patrocinada por Kassab não tem.

Após negociações com a IMX Esporte e Entretenimento, a gestão de Fernando Haddad (PT), empossada dia 1°, por meio de sua assessoria jurídica publicou dia 19, no Diário Oficial, despacho reduzindo o valor do patrocínio negociado por Kassab de R$ 2,5 milhões para R$ 700 mil. A IMX teria também de estabelecer contrapartidas socioeducativas.