Hamas e Fatah chegam a acordo preliminar de reconciliação

Hamas historicamente recusa negociações diretas com Israel e chegou a protestar contra esse tipo de medida. Princípio de acordo foi anunciado (Foto: Mohamad Torokman/Reuters – arquivo) São Paulo – Fatah […]

Hamas historicamente recusa negociações diretas com Israel e chegou a protestar contra esse tipo de medida. Princípio de acordo foi anunciado (Foto: Mohamad Torokman/Reuters – arquivo)

São Paulo – Fatah e o Hamas, duas principais forças políticas palestinas, anunciaram um acordo em linhas gerais de formação de um governo unificado. O plano preliminar de reconciliação, alcançado nesta quarta-feira (27), foi obtido em encontro de representantes dos dois grupos no Cairo, capital do Egito.

Segundo o acordo, será formado um governo interino e fixada uma data para eleições palestinas. “Hamas e Fatah concordam em princípio com um acordo de reconciliação”, disse à BBC Tahir Al-Nounou, porta-voz do Hamas. Nounou disse que as principais divergências dos dois grupos foram superadas e os líderes do Hamas, Khalid Meshaal, e do Fatah, Mahmoud Abbas, devem assinar o acordo em outra reunião no Cairo em uma semana.

“Concordamos em formar um governo composto por figuras independentes que começarão com os preparativos para uma eleição presidencial e parlamentar”, disse Azzam al-Ahmad, o líder da equipe de negociação do Fatah no Cairo. “As eleições ocorrerão daqui a oito meses”, acrescentou.

Mahmoud al-Zahar, líder sênior do Hamas que participou das conversações, disse que o acordo abrange cinco pontos, incluindo eleições, formação de um governo interino de união e a união das forças de segurança.

As negociações para os termos do pacto ocorreram de modo sigiloso entre as partes. Em 2007, os lados travaram confrontos que beiraram uma breve guerra civil. O resultado do episódio foi o controle da Faixa de Gaza nas mãos do Hamas, e a Cisjordânia nas mãos do Fatah, de Mahmoud Abbas.

A população palestina vinha pedindo reiteradamente que seus líderes resolvessem as profundas divisões, mas os analistas por muito tempo argumentaram que as diferenças entre os dois lados em questões como segurança e diplomacia eram muito grandes para se chegar a um acordo.

Os protestos em outros países do mundo árabe são apontados como um estímulo às conversas de reconciliação. O próprio papel do novo governo do Egito indica o interesse em mostrar que a conduta pró-Israel de Hosni Mubarak, ficou definitivamente para trás.

Israel não gosta

A unidade palestina é considerada crucial por analistas para reviver perspectivas de um Estado palestino independente. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, mostrou-se contrariado com o anúncio. Para ele, o acordo não vai assegurar a paz no Oriente Médio e pediu a Abbas que continue afastado do movimento islâmico Hamas.

“A Autoridade Palestina precisa escolher entre a paz com Israel ou a paz com o Hamas. Não há possibilidade de paz com ambos”, disse Netanyahu em comunicado transmitido na TV. O Hamas historicamente não reconhece a existência do Estado de Israel e recusa qualquer tipo de negociação.

Com informações da Agência Brasil e Reuters