Urbanista vê boas intenções de Haddad, mas teme interesse de construtoras

São Paulo – Após reunião com o prefeito Fernando Haddad, na tarde de hoje (28), a urbanista e ex-secretária-executiva do Ministério das Cidades Ermínia Maricato diz acreditar nas “boas intenções” do […]

São Paulo – Após reunião com o prefeito Fernando Haddad, na tarde de hoje (28), a urbanista e ex-secretária-executiva do Ministério das Cidades Ermínia Maricato diz acreditar nas “boas intenções” do gestor e elogiou as iniciativas apresentadas até agora, como o investimento em corredores de ônibus e a disponibilização de moradias de interesse social no centro da cidade. Na visão dela, trata-se de algo que, se consolidado, pode criar no centro da capital um dos “espaços mais democráticos do país”. Mas a especialista afirma que para realizar as mudanças necessárias será preciso lutar contra a “dominação por parte de forças cujo principal interesse não é o interesse público”.

Além de Maricato, estiveram presentes a relatora especial da ONU para Moradia Adequada, Raquel Rolnik, o urbanista João Whitaker, o vereador e urbanista Nabil Bonduki, os secretários Leda Paulani (Planejamento), Luís Massonetto (Negócios Jurídicos) e Fernando de Mello Franco (Desenvolvimento Urbano). Segundo Emínia, foi uma conversa “descontraída” em que o prefeito apresentou ações e ouviu a opinião dos especialistas. 

“Muita gente acha que política urbana é obra. Mas não é. É principalmente a orientação do uso e ocupação do solo, onde vai ser vazio para a água de chuva entrar, onde vai guardar as beiras de riachos e rios, onde vai adensar a moradia perto do transporte de massa, enfim. Mas no Brasil é obra, porque existe essa coisa que está ligada ao financiamento de campanha”, afirmou. “Acho que essas situações têm de ser esclarecidas para a população.”

Também hoje o prefeito participou, ao lado do governador Geraldo Alckmin (PSDB), do lançamento de uma parceria público-privada que prevê a construção de 20 mil moradias na região central da cidade. 

O investimento previsto é de R$ 4,6 bilhões. Segundo a Secretaria de Estado da Habitação, será o maior aporte feito na área nos últimos 30 anos. A maior parte será desembolsada pela iniciativa privada (R$ 2,6 bilhões), seguida pelo governo estadual (R$ 1,6 bilhão) e pela prefeitura (R$ 404 milhões). A maioria dos apartamentos (12,5 mil) é destinada a famílias com renda mensal até R$ 3,7 mil e 2 mil unidades vão contemplar os movimentos sociais que lutam por moradia. Para famílias com renda mensal entre R$ 3,7 e R$ 10 mil serão destinadas 7,7 mil unidades. Os conjuntos terão, além dos apartamentos para moradia, unidades comerciais e de serviço na parte térrea.