Professores de federais de São Paulo, Acre, Piauí e Goiás rejeitam proposta do governo

Docentes seguem orientação do comando de greve e decidem manter movimento iniciado há 61 dias; reajuste varia de acordo com nível de formação e chega a 45% em três anos

Manifestação dos servidores públicos federais (Antonio Cruz/ ABr)

São Paulo – Professores de universidades federais de São Paulo, Acre, Piauí e Goiás foram os primeiros a rejeitar a proposta de reajuste salarial e de plano de carreira apresentada pelo governo federal na última sexta-feira (13). Em assembleias realizadas entre ontem (16) e hoje (17), os docentes decidiram manter a greve, que dura 61 dias e tem participação de 58 das 59 instituições de ensino superior. 

No caso paulista, as federais de São Paulo e do ABC já decidiram pela manutenção do movimento. Os docentes da Universidade Federal de São Carlos ainda irão realizar assembleia. 

As justificativas dos comandos de greve estaduais para a decisão são semelhantes: a proposta não atende às exigências de reajuste salarial reivindicadas pela categoria e não é eficiente para reestruturar o plano de carreira dos professores. 

Neste momento a Universidade Federal de Goiás e a Universidade Federal Fluminense deliberam sobre a proposta do governo. As assembleias começaram às 14h. Professores de pelo menos mais oito estados já marcaram assembléias gerais em suas universidades. Eles têm até sexta-feira (20) para realizar as reuniões, sendo que as deliberações devem ser enviadas para o sindicato até as19h deste dia. Isso porque na segunda (23) representantes dos professores se reunirão novamente com o Ministério do Planejamento para continuar as negociações.

Seguindo o calendário, amanhã (18) as reuniões serão na Bahia (às 15h) e no Rio Grande do Sul (às 14h). Na quinta (19) estão agendadas assembleias em Pernambuco (às 9h30), Amazonas (às 15h), Espírito Santo (às 9h) e Santa Catarina (às 14h). Na sexta é a vez da Paraíba (às 9h) e do Rio de Janeiro (às 12h30). As informações são dos sites das centrais sindicais de cada estado.

Ainda não divulgaram as datas das assembléias professores de Roraima, Pará, Amapá, Rondônia, Tocantins, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe, Minas Gerais, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Brasília.

Proposta rejeitada

A primeira proposta apresentada pelo governo federal não atendeu às reivindicações dos professores, de acordo com o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes). Entre as principais críticas estão o baixo reajuste salarial proposto e a falta de estruturação do plano de carreira.

Seguindo a proposta, todos os docentes teriam reajustes nos próximos três anos, que poderiam chegar a até 45%. Os salários dos doutores com dedicação exclusiva passariam de R$ 7,3 mil para R$ 10 mil. E a remuneração dos professores titulares com dedicação exclusiva iria de R$ 11,8 mil para R$ 17,1 mil.

Um comunicado lançado hoje pelo sindicato ressalta que “os valores apresentados pelo governo, a serem alcançados somente em 2015, significam rebaixamento do valor real da remuneração dos professores”. E completa que “a proposta apresenta pequeno ganho real apenas para a classe de professor titular, topo da carreira, que hoje representa menos de 10% da categoria”. Sobre a estruturação da carreira, o sindicato avaliou que as propostas do governo federal não valorizam a titulação do professor e cria mais barreiras para a progressão.

Ato unificado

Amanhã será realizado um ato unificado em Brasília, que reunirá professores e os demais servidores nacionais em greve, além de mais 30 entidades nacionais, de acordo com a Central Única dos Trabalhadores. Os manifestantes se reunirão às 9h, na Catedral de Brasília, e marcharão pela Esplanada dos Ministérios. O movimento irá reivindicar uma audiência com a ministra do Planejamento, Miriam Belchior.