São Paulo

Trabalhadores do Metrô e da CPTM fazem greve no dia 3 contra privatizações

Trabalhadores exigem que o governador Tarcísio de Freitas suspenda o processo de privatização que atinge o Metrô, a CPTM e a Sabesp, e consulte a população com um plebiscito

Rovena Rosa/Agência Brasil
Rovena Rosa/Agência Brasil
"É um absurdo privatizar metrô, trem e água e deixar esses direitos básicos a serviço de enriquecer meia dúzia de bilionário", afirma a presidenta dos metroviários

São Paulo – Contra a privatização, trabalhadores do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) decidiram fazer greve de 24 horas no dia 3 de outubro. A paralisação unificada é uma tentativa de barrar o plano do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de privatizar os serviços essenciais. A expectativa é que trabalhadores da Sabesp também se unam à greve.

Os trabalhadores do Metrô decidiram pela paralisação em assembleia no Sindicato dos Metroviários de São Paulo nessa quarta-feira (20). Anteriormente, na terça, o Sindicato dos Ferroviários de São Paulo, que representa os trabalhadores das linhas 7-Rubi e 10-Turquesa, também aprovaram greve no dia 3.

Do mesmo modo, também decidiu pela paralisação o Sindicato dos Ferroviários da Central do Brasil (SindCentral), que representa os trabalhadores das linhas 11-Coral, 12-Safira e 13-Jade. Os trabalhadores entraram em estado de greve no início do mês.

“Os trabalhadores estão dando um basta nesse processo pernicioso”, afirmam os ferroviários, em nota. Alegam que a população vem sofrendo com a queda da qualidade dos serviços nas linhas que já foram concedidas à iniciativa privada – 8-Diamante e 9-Esmeralda – e que o governo Tarcísio se nega a dialogar com a categoria. “A greve foi o caminho para denunciar esse processo de desmantelamento do transporte público”.

Pelas redes sociais, a presidenta do Sindicato dos Metroviários, Camila Lisboa, comemorou a decisão unificada dos trabalhadores da CPTM e do Metrô contra a privatização. “Vamos parar porque é um absurdo privatizar metrô, trem e água e deixar esses direitos básicos a serviço de enriquecer meia dúzia de bilionários”.

“Via Calamidade”

Assim o intuito do movimento grevista, segundo Camila, é evitar que o transporte sobre trilhos em São Paulo se transforme em uma “Via Calamidade”, em referência à ViaMobilidade, que além das linhas 8 e 9 da CPTM, também administra a linha 5-Lilás, do Metrô, e a linha 17-Ouro, do Monotrilho.

Nesta semana, levantamento do g1 mostrou que, somente na CPTM, a ViaMobilidade responde por 63% falhas registradas neste ano. Foram 73 ocorrências nas duas linhas operadas pela “Via Calamidade”. Ao mesmo tempo, as outras cinco linhas estatais – mais o pátio – registraram 33 falhas. Tais números colocam em xeque o argumento de maior eficiência do setor privado que os defensores da privatização utilizam normalmente.

Nesse sentido, além da greve de 24 horas, os ferroviários e metroviários também vão estender por mais um mês, até o dia 5 de novembro, o Plebiscito Popular contra as privatizações da CPTM, do Metro e da Sabesp. Os trabalhadores lançaram a iniciativa no início do mês. Com urnas e cédulas em pontos de grande circulação de pessoas em todo o estado, os sindicatos querem dialogar com a população, alertando para as consequências da privatização.

Desse modo, a pauta da greve do dia 3 vai exigir de Tarcísio que pare o processo de privatizações imediatamente, cancele os pregões de terceirizações do Metrô e consulte a população através de um plebiscito oficial.

Sabesp

Na semana que vem, é a vez do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente de São Paulo (Sintaema) realizar assembleia. Do mesmo modo, os trabalhadores devem aderir à paralisação do dia 3. Além disso, o sindicato alertou que, na última segunda-feira (18), o Conselho de Desestatização do Estado de São Paulo autorizou, entre outras medidas, que a Sabesp contrate bancos para coordenar a futura oferta pública de ações em caso de privatização da empresa. Ao contrário do transporte sobre trilhos, a Sabesp é uma empresa lucrativa, o que derruba outro argumento dos defensores da privatização.