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Reunião com governo pode pôr fim à mobilização dos servidores do Ibama e ICMBio. Ou dar início a greve

Servidores das carreiras do meio ambiente entregaram reivindicações ao governo em outubro. Sem resposta, em 2 de janeiro interromperam atividades de campo. Carreiras têm 22 anos de defasagem

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Trabalho de fiscalização e combate a ilicitudes foi suspenso desde o início do mês como forma de pressão sobre o governo

São Paulo – Reunião entre representantes do governo federal e dos servidores do Ibama e do Instituto Chico Mendes de Preservação da Biodiversidade (ICMBio), na próxima quinta-feira (1º de fevereiro) pode acabar com a mobilização iniciada no último dia 2. Ou iniciar uma greve, caso não haja um acordo.

“Só diante da retomada da mesa de negociações com o governo, com as propostas apresentadas é que o movimento vai avaliar se vai ter algum tipo de acordo na negociação ou se vai continuar uma escalada para uma operação padrão ou para uma greve de servidores da rede ambiental”, disse à RBA Cleberson Zavaski, o Binho, analista ambiental do ICMBio e presidente da Ascema Nacional.

Em outubro, dirigentes da Associação Nacional dos Servidores de Carreira de Especialista em Meio Ambiente (Ascema Nacional) e da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef) entregaram documento ao secretário de Relações de Trabalho, José Lopez Feijóo, do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos. E desde então aguardam a resposta em reunião na mesa de negociação.

Diante da demora, os servidores iniciaram uma mobilização no início do mês, passando a realizar as tarefas nas sedes dos órgãos, por meio eletrônico, seja em Brasília ou nas unidades nos estados. E suspenderam atividades em campo, que dependem de deslocamentos.

Mobilização ratificada em assembleias nos estados

Segundo Binho, mais de 90% dos servidores do Ibama já aderiram ao movimento. “Cerca de 75 operações que estavam previstas para serem realizadas este mês, que tinham de ter deslocamento de setores, não serão efetivadas”, disse.

Há também mais de 90% de adesão no ICMBio. Toda parte de fiscalização, proteção, atendimento a emergências ambientais — ou seja, ações que dependem de recrutamento por servidores — não estão acontecendo. E outras áreas também não estão realizando idas a campo. É o caso de vistorias, audiências públicas e outras que necessitam da presença de servidores.

“Assembleias hoje nos estados ratificaram essa mobilização, com toda atividade interna voltada para os trabalhos internos dos órgãos, tanto nas operações que dependem de atuação direta”, disse Binho, dando como exemplo o combate a garimpos e a ilícitos ambientais com deslocamentos de equipes.

O dirigente ressaltou ainda que a mobilização compromete alguns outros tipos de trabalhos em centros nacionais de pesquisa do ICMBio, que tem mais de 15 unidades. E também nas unidades de conservação, por conta de atividade de uso público que requer a presença de servidores no local.

Principais reivindicações:

  • Reestruturação de carreira de todos os cargos da categoria;
  • Equiparação com o cargo de especialista em Recursos Hídricos com os servidores da Agência Nacional de Águas (ANA);
  • Criação de uma gratificação de Atividades de Risco para os servidores que estão em campo, em áreas de cidades ou unidades com acesso restrito.

Segundo Binho, os servidores estão há 22 anos sem reestruturação de todos os cargos da carreira. E que nesses anos, alguns deles, como gestor ambiental, praticamente desapareceram. E que outros, como auxiliar administrativo, estão praticamente em extinção pela falta de concursos. Já entre técnicos e analistas há abismos salariais, além de muita coisa parecida entre as outras. “Por isso precisa reestruturar as carreiras para definir os limites de atuação e para que haja recomposição geral no que diz respeito a variação”, disse.

Quanto à equiparação com a Agência Nacional de Águas, é devido ao avanço nessa carreira similar, que avançou enquanto a ambiental ficou defasada e pouco atrativa. “Há muita evasão. Tem a situação do Ibama, com mais de 30% dos trabalhadores que vão se aposentar até 2025 e que se não houver concurso imediatamente, vai ficar complicado. E para que a carreira se torne novamente atrativa, é preciso reestruturar.”

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