Petroleiros protestam em Manaus contra ‘desinvestimento’ da Petrobras

Reunidos no congresso nacional da categoria para definir termos da campanha salarial, delegados reivindicam ainda PLR maior

Petroleiros protestam em Manaus, por garantia de empregos e melhores condições de trabalho (Foto: ©SindipetroNF)

Manaus (AM) – Reunidos para o 15º congresso nacional da categoria, delegados de sindicatos de petroleiros de todo o país fizeram um protesto na manhã desta sexta-feira (5), na  capital do Amazonas. Eles participaram de ato que atrasou a entrada dos trabalhadores na Refinaria de Manaus (Renam), no distrito industrial.

A concentração foi iniciada às 5h da manhã na entrada principal. Por causa da manifestação, a troca de turno foi adiada das 7h para as 9h. Uma passeata encerrou o ato, parando o tráfego de veículos na região periférica de Manaus.

Uma das preocupações dos sindicalistas é o “desinvestimento e reestruturação de ativos” aprovados pela diretoria da Petrobras, conforme anunciado no plano estratégico da empresa para 2011 a 2015. Os trabalhadores querem esclarecimentos da estatal e garantia de manutenção das atividades e dos empregos.

A Reman produz gasolina e gás de cozinha. A unidade esteve a ponto de fechar na década passada, já durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, mas ganhou um cronograma de investimentos até 2013. A prioridade do plano era adequar a produção do combustível de veículos a normas técnicas da Agência Nacional do Petróleo (ANP), que demandam menores teores de enxofre.

Como os trabalhadores consideram que há atraso no cronograma e com o anúncio de que a Petrobras poderia se desfazer de ativos, o sinal de alerta se acendeu. Dos atuais 500 funcionários, uma eventual decisão de não investir na adequação da estrutura, apenas 80 trabalhadores poderiam ser mantidos, nas contas do Sindicato dos Petroleiros local.

“A produção não parou porque não era a intenção, mas mandamos um recado à Petrobras”, resume João Antônio de Moraes, coordenador-geral da FUP. Embora a avaliação seja de que o “desinvestimento” ocorra fora do país, há temores de que a unidade perca terreno por ser de menor porte do que outras duas refinarias em construção na região Nordeste.

Congresso

Outra motivação do protesto foi a reivindicação de pagamento maior de participação nos lucros ou resultados (PLR). Em campanha nacional, os petroleiros cobram 25% do valor de dividendos distribuídos aos acionistas da estatal. O percentual baseia-se, segundo a FUP, na legislação e em resoluções que definem regras para o pagamento de PLR em empresas públicas.

O congresso da FUP começou na quarta-feira (3) e segue até este domingo (7). Eles definem detalhes da campanha salarial de 2011, além de traçar estratégias para cobrar a PLR maior. Questões como terceirização, previdência complementar e saúde do trabalhador são temas de debates.

A decisão de fazer a conferência em Manaus é considerada histórica pelos petroleiros. É o primeiro congresso da categoria na região Norte do país.

Na quinta-feira, sindicalistas da Bolívia, do Peru e da Venezuela participaram de debate. Eles defenderam a integração de lutas. O Sindicato dos Trabalhadores Petroleiros da Petrobras Bolívia, criado em 2010, formalizou pedido de filiação à FUP durante o congresso, para buscar “aliança estratégica” entre as entidades para pressionar a empresa brasileira a garantir direitos no país vizinho.

O jornalista viaja a convite da Federação Única dos Petroleiros (FUP)