contra o PL

No Rio, 2 mil pessoas estão em frente à Federação das Indústrias

Trabalhadores ligados a diversas centrais sindicais fazem manifestação da Cinelândia, diante da Câmara Municipal, até a sede da Firjan; protestos atingiram 18 estados

Tomaz Silva / ABr

Protesto no Rio começou na Cinelândia: categorias mobilizadas contra ameaça a direitos dos trabalhadores

São Paulo – Centenas de trabalhadores, ligados a diversas centrais sindicais, protestam desde as 16h no Rio de Janeiro, contra o Projeto de Lei (PL) 4.330, sobre terceirização. Os manifestantes iniciaram o ato na Cinelândia, em frente à Câmara Municipal, na região central, com o apoio de um carro de som. O objetivo dos manifestantes foi seguir em passeata para o ato final até a frente da Federação das Indústrias (Firjan), onde cerca de 2 mil pessoas estão concentradas. O centro da cidade está parado: professores,  moedeiros,  petroleiros puxam a manifestação.

Um boneco representando o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi “velado” em frente da Câmara Municipal, com direito a lápide e vela.

O presidente da Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro dos Estados do Rio e Espírito Santo, Nilton Damião Esperança, alertou para a precarização do trabalho, principalmente no setor bancário, que ele representa, se o projeto for aprovado e sancionado. “Se virar lei, o projeto vai precarizar o serviço, contratando trabalhadores com salários mais baixos e com menos direitos. Se passar no Senado, vamos pressionar a presidenta Dilma para que ela vete este projeto”, disse Nilton.

A terceirização também preocupa o diretor executivo do Sindicato dos Metalúrgicos do Município do Rio Alexandre Loyola. “Os terceirizados recebem de 30% a 40% a menos e não têm direitos básicos garantidos, como plano de saúde. Se a lei passar, vai permitir a quarteirização, o que vai acabar gerando perda de qualidade para a própria empresa.”

O projeto de lei também foi criticado pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Casa da Moeda, Aluizio Júnior. Apesar dos empregados públicos não estarem sendo diretamente atingidos, com aaprovação de emenda que retira as empresas públicas do alcance do projeto, o sindicalista falou que o momento é de união de todos os trabalhadores brasileiros. “É um retrocesso no direito dos trabalhadores. Vai enriquecer o empresário atravessador de mão de obra. Esses deputados não se elegeram prometendo isso. O que aconteceu na Câmara foi uma fraude eleitoral”, afirmou Aluizio.

A presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio, Paula Máiran, também criticou o PL. “Se o projeto virar lei, será o equivalente a rasgar a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). No caso dos jornalistas, o quadro será tenebroso, pois os patrões já violam os direitos dos trabalhadores e aí nem na Justiça poderemos ingressar para garantir os nossos direitos.”

Em Brasília

Manifestantes de centrais sindicais concentraram-se na Rodoviária do Plano Piloto, em Brasília. Eles saíram da sede da CUT, no Conic, shopping localizado na região central da capital federal. De acordo com a CUT, cerca de 500 pessoas participam do ato, enquanto a Polícia Militar estima em torno de 200. A manifestação é tranquila e não prejudica o tráfego de veículos na rodoviária.

Mobilização em 18 estados

Sindicatos fizeram protesto na manhã de hoje (15) em 18 estados contra o projeto. Há registro de ao menos um confronto entre policiais militares e manifestantes, que aconteceu em Vitória. Os protestos, que integram o Dia Nacional de Paralisação contra o Projeto de Lei (PL) 4.330/2004, ocorreram pela manhã em Santa Catarina, Alagoas, Amapá, Goiás, Piauí, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Bahia, Rio, Minas Gerais, Sergipe, Tocantins, Pará, São Paulo e Distrito Federal.

Houve paralisações no transporte público em pelos menos cinco capitais, segundo a CUT: Florianópolis, Porto Alegre, Salvador, Recife e Brasília. O dia de paralisações contra o projeto também inclui passeatas, manifestações e paralisações em diversos estados.

No Paraná, centrais sindicais participaram das mobilizações, entre as quais a Força Sindical que, nacionalmente, tem apoiado o PL. Foram feitas paralisações de algumas categorias na parte da manhã, como bancários e metalúrgicos. As paralisações duraram entre uma e duas horas. Houve um ato no final da manhã que saiu da Praça Santos Andrade em direção à Boca Maldita, encerrando por volta das 14h30.

Policiais militares e manifestantes contrários entraram em confronto emVitória. Durante o tumulto, a PM utilizou bombas de efeito moral para tentar dispersar os manifestantes. A assessoria da Secretaria Estadual de Segurança Pública e Defesa Social informou que o direito à manifestação está sendo respeitado, mas que o uso da força policial foi necessário para cumprir uma decisão judicial de ontem (14), que determinou que não houvesse fechamento de vias de acesso à capital.

Como parte da mobilização emPorto Alegre, a frota de ônibus da Carris, empresa pública de transporte, não circula desde o início da manhã. Manifestantes bloqueiam a garagem da empresa impedindo a saída dos veículos, de acordo com a Empresa Pública de Transporte e Circulação.

Em Belo Horizonte, bancários fizeram um protesto, no final da manhã, na Praça Sete, região central. Segundo o Sindicato dos Bancários de Belém, a categoria paralisou as atividades nesta manhã.

As cidades de Maceió, Fortaleza, Macapá, Goiânia, Teresina, João Pessoa e Campina Grande (PB), entre outras, tiveram atos e caminhadas. Segundo a CUT, támbém há registros de manifestações em Sergipe e Rondônia pela manhã.

Com informações da Agência Brasil