na rua

Dia é decisivo contra ameaça a direitos conquistados pelas lutas dos trabalhadores

O presidente da CUT, Vagner Freitas, reafirma que mobilizações não são contra a sociedade, mas pelos direitos dos trabalhadores. Marcio Pochmann alerta para interrupção de conquistas sociais

CUT SP

Metalúrgicos do ABC em paralisação contra o PL da Terceirização: luta decisiva contra ameaça real

São Paulo – À frente da paralisação dos trabalhadores da fábrica da Volkswagen, em São Bernardo, no ABC paulista, na manhã de hoje (15) – Dia Nacional de Paralisações contra o PL da Terceirização – o presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, ressaltou que a luta é  decisiva contra a ameaça representada pelo projeto de lei que autoriza a terceirização em todos os níveis das empresas. “Aqui é manifestação de trabalhador, pelos nossos direitos, não é com ódio da sociedade. Se o PL 4330 for aprovado os trabalhadores serão demitidos, eles querem rasgar a CLT”, declarou Freitas.

Em comentário à Rádio Brasil Atual, o economista Marcio Pochmann defendeu as manifestações de hoje, que para o especialista é uma ofensiva do setor patronal para reduzir as conquistas sociais obtidas pelos trabalhadores nos últimos anos. “Mobilizações importantes, que devem tomar cada vez maior impulso. Fomos surpreendidos pela aprovação do PL, que subverte a trajetória desde 2002 de elevação do padrão de vida, no país.”

Pochmann disse ainda que os setores produtivos devem respeitar os direitos trabalhistas já conquistados pelas lutas organizadas dos trabalhadores.  “É preciso haver regras para que a terceirização possa existir mas não implique na redução de direitos de quem está no mercado de trabalho”.

Os protestos e paralisações convocados pelas centrais CUT, CTB, Nova Central, Intersindical e Conlutas e pelos movimentos sociais têm como principal alvo a derrubada do PL 4.330, proposta aprovada pelo Congresso no último dia 8, que libera as terceirizações em todas as atividades.

No ABC, metalúrgicos realizaram assembleia a partir das 7h nas montadoras Ford, Volks e Scania e pouco antes das 8h os trabalhadores (as) ocuparam a Rodovia Anchieta. Na Mercedes-Benz, a empresa suspendeu o ônibus para impedir que os trabalhadores se engajassem na luta contra as terceirizações, mas a categoria se juntou aos demais na mobilização.

“Todos os trabalhadores do Brasil tem que se manifestar contra o projeto 4.330, que pode precarizar, demitir e virar tudo PJ. Não é só na indústria, é em todos os setores. O projeto acaba com a carteira de trabalho”, alertou o vice-presidente do Sindicato, Aroaldo Oliveira da Silva.

Na mesma região, químicos pararam as atividades por três horas na Basf Demarchi, em São Bernardo, envolvendo os setores de produção e administrativo contra as terceirizações. A categoria também parou a empresa Henkel, em Diadema, e Ouro Fino, em Ribeirão Pires.

Em Mogi das Cruzes, no período da manhã, trabalhadores estaduais da área da saúde realizam assembleias em hospitais e postos. O setor é afetado pela terceirização por meio das Organizações Sociais (OS), que só fazem gestão de mão de obra usando recursos públicas, sem agregar tecnologia ou equipamentos ao Serviço Público de Saúde.

Em Guarulhos, na região metropolitana, os aeroviários fizeram protesto contra o PL 4330 às 7h, unidos a funcionários da Lan Chile que estão em greve por melhores condições de trabalho e salário. Por volta das 8h30, trabalhadores em editoras de livros fizeram paralisação na Saraiva, no componente de logística da empresa (CDD). “A diretoria do sindicato distribuiu um boletim extraordinário convocando os locais de trabalho para o dia nacional de paralisação e, de madrugada, na porta da unidade, dialogaram sobre a importância da categoria aderir ao protesto”, diz Rogério Chaves, Secretário de Formação e Comunicação do Sindicato dos Empregados em Editoras de Livros (SEEL).

Os bancários iniciaram o dia de paralisação às 7h30 no Telebanco Bradesco no Largo Santa Cecilia, centro paulistano, alertando que a terceirização nos bancos põe em risco funcionários e clientes. Haverá paralisação em agências e centrais de atendimento em várias regiões.

“O número de estabelecimentos que prestam serviço de correspondente bancário cresceu 2.313% entre 2000 e 2014, atingindo 331 mil em junho do ano passado, de acordo com o Banco Central. Com a aprovação do PL, a terceirização vai aumentar e atingir todos os setores, como as gerências, caixas e áreas de tecnologia, podendo colocar em risco o sigilo bancário”, afirma a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região, Juvandia Moreira.

O Sindicato dos Bancários de Minas Gerais promoveu protesto na Praça Sete, Região Central de Belo Horizonte, manifestação contra o PL 4.330. Uma convocação para que os trabalhadores façam uma paralisação das 10h às 12h  foi enviada ontem para as agências.

No Vale do Paraíba, os protestos começaram às 3h30, com trabalhadores do Sindicato dos Condutores do Vale do Paraíba, em frente à Embraer, em São José dos Campos. Na mesma cidade, trabalhadores da construção civil e petroleiros se uniram em frente à Refinaria Henrique Lage (Revap), no km 143 da Via Dutra.

Metalúrgicos de Taubaté e região paralisaram as atividades desde as 5h no Distrito Industrial de Piracangaguá, próximo à Volkswagen. Em Jacareí, os papeleiros fizeram protesto em frente à Fibria, antiga Votorantim Papel e Celulose. Em Santos, sindicatos que representam diversas categorias na região, entre as quais os portuários, fizeram panfletagem a partir das 5h na barca Santos-Guarujá.