Comissão especial da Câmara analisará segurança de clientes de bancos

Um dos projetos prevê aumentar segurança de clientes e bancários e garantir privacidade em transações financeiras com instalação de divisórias

Como forma de aumentar a segurança em agências, medida deve ser estendida também para caixas eletrônicos (Foto: Fabio Pozzebom/ABr)

São Paulo – A Câmara dos Deputados vai criar uma comissão especial para analisar 96 projetos de lei que propõem medidas para resguardar clientes de bancos. Entre as propostas estão o PL 1.731, de 2011, e o PL 4.912, de 2012. Este obriga as agências a instalarem uma divisória entre as filas e os caixas, a fim de preservar a privacidade dos clientes durante as transações financeiras. Ainda não há data prevista para a instalação da comissão.

A expectativa do autor do projeto, deputado federal Vanderlei Siraque (PT-SP), é positiva. “Não há motivos para não passar. É um projeto que visa a proteger a privacidade de bancários e clientes”, avalia. Pelo PL, os bancos teriam 180 dias para instalarem as divisórias e, caso não cumprissem a medida, estariam sujeitos a multa diária de R$ 1.500. A ideia, de acordo com o deputado, é estender a medida também para caixas eletrônicos. 

Siraque acredita que a divisória pode oferecer mais tranquilidade para os bancários. “Eles são o intermediário entre os interesses dos banqueiros e a pressão dos clientes que esperam na fila”, afirmou. Já para quem utiliza o banco, as divisórias podem ajudar a preservar sua privacidade. “É constrangedor quando a pessoa vai, por exemplo, fazer um saque, não tem dinheiro disponível e todos ouvem.”

Um dos principais objetivos do projeto de lei, no entanto, é aumentar a segurança dos clientes para evitar os furtos conhecidos como “saidinhas de banco”. “Muitos olheiros ficam dentro das agências e acabam avisando criminosos do lado de foram sobre as pessoas que estão saindo com muito dinheiro”, conta o deputado. “As principais vítimas são os aposentados, que muitas vezes sacam todo seu dinheiro de uma só vez.”

Entre os trabalhadores do setor financeiro a medida é vista com bons olhos. Para o coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária, Ademir Wiederkehr, limitar o campo visual de bandidos infiltrados nas agências pode ser eficiente. “A ‘saidinha’ é um problema também para o bancário, que trabalha em um ambiente de risco. A presença de um ‘olheiro’ na agência cria insegurança para toda a categoria”, afirmou. “Infelizmente os bancos relutam muito em adquirir equipamentos de segurança, porque os veem como um gasto extra”.  

De acordo com Wiederkehr, que também é secretário de imprensa da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), os municípios de João Pessoal (PB) e Belo Horizonte (MG) aprovaram leis municipais que exigem a instalação das divisórias e “conseguiram reduzir o número de assaltos”. 

Em Santo André, no ABC paulista, uma agência do Banco do Brasil instalou as divisórias mesmo sem a legislação, a fim de aumentar a segurança dos clientes. “Um departamento do banco fez um levantamento sobre segurança e apontou esta como uma medida eficiente de prevenção de assaltos. Com a divisória, nem o caixa ao lado percebe o que está acontecendo no vizinho”, afirma o gerente de tesouraria, Ricardo Parerta. “Recebemos elogios dos clientes”. 

Em 2012, 57 pessoas foram assassinadas em assaltos envolvendo bancos, uma média de quase cinco vítimas fatais por mês, de acordo com levantamento nacional da Contraf. O total representa um aumento de 16,3% em relação a 2011, quando foram registradas 49 mortes, e de 147,8% em comparação com 2010, que teve 23 mortes. A principal ocorrência (53%) foi o crime de “saidinha de banco”, que provocou 30 mortes.

São Paulo (15), Bahia (8), Rio de Janeiro (7), Ceará (4), Paraná (4), Alagoas (3) e Rio Grande do Sul (3) foram os estados com o maior número de casos, segundo a pesquisa. A maioria das vítimas (58%) foram clientes (33), seguido de vigilantes (9) e policiais (6). Dois bancários também foram mortos.